São Paulo, sexta-feira, 29 de agosto de 2008

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PF apura venda de senha para rede de dados

Investigação aponta que código de acesso ao Infoseg, rede federal com dados de segurança de todo o país, custa R$ 2.000

Banco de dados controlado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública reúne dados sigilosos sobre cidadãos e empresas


ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Senhas de acesso ao Infoseg, sistema federal responsável pela interligação dos bancos de dados de todos os órgãos de segurança pública do país, são vendidas atualmente por aproximadamente R$ 2.000 na região da rua Santa Ifigênia, no centro de São Paulo.
A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e a Polícia Federal investigam quem vende e quem compra as senhas que, a partir de qualquer computador conectado à internet, permitem consultar dados cadastrais e sigilosos dos cidadãos.
A rede Infoseg é controlada pela Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública), órgão do Ministério da Justiça. Além de guardar dados sigilosos sobre qualquer cidadão, a rede tem informações sobre todas as empresas com sede no território nacional -inclusive nomes e endereços de seus donos ou responsáveis.
Dados como CPF, RG, endereços residenciais e comerciais, e-mails, telefones, título de eleitor, carteira nacional de habilitação, placas de carros e até registros de armas estão disponíveis na rede.
O Ministério da Justiça, órgão responsável pela Senasp e pela Infoseg, as polícias Civil e Militar de todos os Estados, os Ministérios Públicos Estaduais e o Federal, a Receita Federal, o Judiciário, a Abin e a PF também usam a base de dados para realizar suas investigações.
Ontem, o telejornal "SBT Brasil" exibiu reportagem na qual mostrou como conseguiu comprar por R$ 2.000 uma senha da rede Infoseg. A negociação foi feita em um posto de gasolina, na esquina da avenida Rio Branco com a rua Aurora, bem ao lado do prédio onde funcionam o 3º DP (Santa Ifigênia) e a 1ª Seccional.
Com a senha, formada por um número de CPF para acesso e uma palavra-código, os repórteres do SBT teriam consultado informações confidenciais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dos ministros Tarso Genro (Justiça) e Dilma Rousseff (Casa Civil), do governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), do secretário de Justiça do Estado de São Paulo, Luiz Antônio Marrey e do procurador-geral de Justiça de SP, Fernando Grella Vieira.
A senha foi criada para uso da Receita Federal e estava registrada com nome e CPF de uma mulher de Belém (PA).
Na investigação da Abin e da Polícia Federal, existem indicações de que algumas pessoas que se identificaram como policiais civis e militares de São Paulo compraram as senhas da rede Infoseg para fazer investigações clandestinas. Assim, evitariam deixar rastro sobre as possíveis consultas.

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