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VINCENZO CENCIN (1925 - 2010)
Levava a pintura como ofício
FELIPE CARUSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A luz do crepúsculo irradiante das tardes de outono
em Veneza permaneceu por
toda a vida na memória afetiva de Vincenzo Cencin.
O dourado vespertino, os
céus confusos e os mares alvoroçados da terra natal do
artista plástico ocuparam
suas pinturas e sobrepuseram as lembranças ruins da
Segunda Guerra Mundial.
Da família de quatro irmãos, restaram apenas o caçula e ele. Ao final da guerra,
em 1945, partiu para o Brasil,
fixando-se em São Paulo.
A solidão dos primeiros
anos no novo país o levou a
rechaçar o sentimento em
suas telas. Nos portos, barcos, praças e ruas retratadas,
há sempre pessoas trazendo
vida ao quadro.
No Cambuci, centro de SP,
conheceu Gilda. Casaram-se
no início da década de 50 e tiveram quatro filhos.
Montou uma fábrica de
material elétrico, mas o negócio não deu certo. Foi trabalhar como executivo numa
indústria multinacional.
Aposentou-se no início da
década de 80 e passou a dedicar-se exclusivamente aos
quadros. Na rua Haddock Lobo, abriu o ateliê e galeria Velha Europa para viver o velho
sonho da pintura.
Levava a arte como ofício,
trabalhando de domingo a
domingo. Pintou cerca de
5.000 telas, que hoje estão
nas mãos de colecionadores
e em museus como o do Prado, em Madri, e o Nacional de
Belas Artes, no Rio.
Queria publicar um livro
sobre suas obras.
Morreu no sábado (21), aos
85, em São Paulo, em decorrência de um câncer. Deixa a
mulher, quatro filhos, cinco
netas e cerca de dez obras
inacabadas.
coluna.obituario@uol.com.br
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