São Paulo, domingo, 29 de agosto de 2010

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VINCENZO CENCIN (1925 - 2010)

Levava a pintura como ofício

FELIPE CARUSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A luz do crepúsculo irradiante das tardes de outono em Veneza permaneceu por toda a vida na memória afetiva de Vincenzo Cencin.
O dourado vespertino, os céus confusos e os mares alvoroçados da terra natal do artista plástico ocuparam suas pinturas e sobrepuseram as lembranças ruins da Segunda Guerra Mundial.
Da família de quatro irmãos, restaram apenas o caçula e ele. Ao final da guerra, em 1945, partiu para o Brasil, fixando-se em São Paulo.
A solidão dos primeiros anos no novo país o levou a rechaçar o sentimento em suas telas. Nos portos, barcos, praças e ruas retratadas, há sempre pessoas trazendo vida ao quadro.
No Cambuci, centro de SP, conheceu Gilda. Casaram-se no início da década de 50 e tiveram quatro filhos.
Montou uma fábrica de material elétrico, mas o negócio não deu certo. Foi trabalhar como executivo numa indústria multinacional.
Aposentou-se no início da década de 80 e passou a dedicar-se exclusivamente aos quadros. Na rua Haddock Lobo, abriu o ateliê e galeria Velha Europa para viver o velho sonho da pintura.
Levava a arte como ofício, trabalhando de domingo a domingo. Pintou cerca de 5.000 telas, que hoje estão nas mãos de colecionadores e em museus como o do Prado, em Madri, e o Nacional de Belas Artes, no Rio.
Queria publicar um livro sobre suas obras.
Morreu no sábado (21), aos 85, em São Paulo, em decorrência de um câncer. Deixa a mulher, quatro filhos, cinco netas e cerca de dez obras inacabadas.

coluna.obituario@uol.com.br


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