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GREVE NAS FEDERAIS
Tentativa de ministério é enfraquecer paralisação de docentes; quem voltar ao trabalho recebe salário
MEC tenta fechar acordo com servidor na 2ª
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dentro da estratégia de tentar
acabar com as greves nas universidades federais, o Ministério da
Educação pretende fechar um
acordo com os servidores apenas
na próxima segunda-feira. Caso
aceitem voltar ao trabalho, receberão o salário de setembro e deixarão enfraquecida a paralisação
dos professores.
O ministério acelerou ontem as
negociações com os servidores e
ofereceu a incorporação das gratificações aos salários. Terão até a
próxima segunda-feira, quando o
ministro da Educação, Paulo Renato Souza, se reúne com a Fasubra (Sindicato das Associações
dos Servidores das Universidades
Brasileiras) para negociar a via legal do acordo com a Casa Civil.
Para Agnaldo Fernandes, diretor da Fasubra, a estratégia do ministério não terá êxito. "Vamos
suspender as negociações caso se
confirme a suspensão do pagamento [do salário"."
Anteontem, o ministro anunciou, em reunião com os reitores,
que os servidores públicos e os
professores das universidades federais, em greve há mais de um
mês, não irão receber o salário de
setembro. O Ministério da Educação gasta R$ 360 milhões mensais
com as despesas de pessoal.
Ambos os sindicatos garantem
que a retenção do salário de setembro de servidores e professores -classificada como "chantagem" e "coação"-fará com que a
adesão à greve seja total.
"A suspensão dos salários não
vai esvaziar a greve. Só penaliza os
filhos dos trabalhadores", disse
Roberto Leher, presidente da Andes (Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior). De
acordo com ele, os reitores não
irão pagar os funcionários que
não aderiram à greve.
"Se apostarem nessa estratégia
para enfraquecer o movimento,
vão cair do cavalo", disse Fernandes. Cerca de 95% dos 47.511 professores universitários estão parados desde o mês de agosto, de
acordo com a Andes. Funcionários de 48 universidades federais
estão parados desde julho.
Eles reivindicam um reajuste de
75,48%, a incorporação das gratificações no salário e a abertura de
novo concurso público -o MEC
já autorizou a contratação de
2.000 professores.
Paulo Renato exige que o semestre letivo não seja perdido e
que o calendário do vestibular seja mantido. O ministro já propôs
um sistema de previdência complementar para as novas contratações, a fim de manter o regime jurídico único, outra reivindicação
dos grevistas.
Liminar
A Justiça Federal não concedeu
o pedido de liminar dos sindicatos para garantir o pagamento do
salário, instrumento com o qual
contavam para forçar as negociações com Paulo Renato.
O juiz José Pires da Cunha solicitou anteontem prazo para colher informações. Com isso é improvável que os grevistas consigam uma decisão até esta terça.
De acordo com Leher, caso a liminar seja negada, os sindicatos
ou os reitores devem apresentar
novos pedidos na Justiça Federal
de cada Estado. Na greve do ano
passado, que durou mais de três
meses, o governo não conseguiu
suspender os salários.
Na terça-feira, professores e servidores farão uma vigília em frente ao MEC. Na quarta-feira, se
juntam a cerca de 15 mil pessoas
para a Marcha Nacional em Defesa e Promoção da Educação Pública, organizada pela CNTE
(Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação).
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