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URBANISMO
Projeto, orçado em cerca de R$ 1 milhão, depende de autorização do Iphan e de patrocínio
Sé quer abrir cúpula à visitação pública
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dos segredos mais bem
guardados da catedral da Sé -e
um de seus conjuntos mais bonitos- vai ser aberto ao público. A cúpula externa da igreja, a
43 metros do chão, fará parte de
um circuito de visitação que a
Cúria pretende criar na catedral.
A idéia de abrir a base das torres e torreões ao público foi do
arquiteto Paulo Bastos, 67, responsável pelo restauro da catedral. "Sempre achei a catedral
feia. Mas é preconceito. Quando
você vai para a cobertura, vê que
é excepcionalmente bonita", diz.
Para tornar pública a tal beleza,
será construída uma escada.
Bastos projetou um elevador
panorâmico que conduziria os
visitantes até um mirante com
vista de 360 graus na torre frontal direita, a 67 metros de altura
-a torre com frontão atinge 97
metros. Mas a Cúria considerou
o projeto caro demais. A catedral
já tem um elevador, mas ele só
atinge o coro, a 19,5 metros de altura. Para os deficientes observarem a cúpula da Sé do alto, ele
desenhou uma passarela de aço.
Obra de 90 anos
O circuito de visitação é uma
espécie de ponto final numa história que começou em 1912,
quando a catedral foi projetada
pelo arquiteto alemão Maximiliano Hehl. A obra de Hehl foi
iniciada no ano seguinte, mas,
por conta de duas guerras, só foi
inaugurada em 1954, nos festejos
do 4º centenário da cidade.
A igreja, porém, foi aberta incompleta. As duas torres frontais, por exemplo, só ficaram
prontas em 1968. A construção
dos 14 torreões (torres mais baixas, que têm entre 12,64 m e 19,5
m) seria ainda mais morosa. Eles
só foram concluídos em 2002,
quando a catedral foi reinaugurada, no dia 29 de setembro.
Os 90 anos que separaram o
projeto dos torreões de sua
construção acabaram por imprimir uma feição contemporânea
aos ornamentos.
Como seria virtualmente impossível a sua feitura hoje em pedra, em razão da falta de mão-de-obra e da dificuldade de manejar milhares de quilos numa
região de intenso tráfego, Bastos
decidiu fazer os torreões em estrutura de aço e revesti-los com
um material altamente tecnológico, conhecido pelas iniciais
GRC (de glass reinforced concrete), uma mistura de fibra de
vidro com argamassa.
O restauro da Sé, que incluiu a
recuperação de vitrais e da estrutura, que sofrera abalos causados pelo metrô, custou R$ 19,5
milhões. Os recursos foram obtidos por lei de incentivos.
Um ano após o restauro, a frequência diária à igreja mais do
que dobrou, segundo o cônego
Severino Martins, 40. Antes,
eram cerca de mil pessoas por
dia; agora, são 2.500.
O custo do projeto de visitação
é bem mais modesto. As obras
estão orçadas em cerca de R$ 1
milhão, segundo Ronaldo Ritti,
50, diretor da Concrejato, empresa que restaurou a catedral.
Segundo ele, não é uma obra
complexa -envolve, basicamente, a construção de uma escada e de recursos de segurança.
Em seis meses, diz Ritti, seria
possível terminar o projeto.
A Cúria busca recursos para a
obra por meio da Lei Rouanet,
segundo Antonio Paulo Rivas,
59, secretário-executivo do projeto de recuperação da Sé. Espera o sinal verde do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional) para ir atrás
de patrocinadores. As obras na
catedral, porém, não acabaram.
Depois da abertura da cúpula, o
plano é restaurar dois altares (os
de são Paulo e Santana), o órgão
e criar um museu da catedral.
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