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DIREITOS HUMANOS
Vítima foi baleada
Testemunha ouvida por relatora é morta
DA AGÊNCIA FOLHA
DA REPORTAGEM LOCAL
Testemunha da ação de supostos grupos de extermínio que agiriam na região que compreende
Itambé (PE) e Pedras de Fogo
(PB), na divisa entre os dois Estados, Flávio Manoel da Silva, 33, foi
assassinado a tiros anteontem.
Também conhecido como
"Chupeta", Silva foi alvejado por
tiros disparados por dois encapuzados numa moto, a 30 metros de
sua casa, em Pedras de Fogo (57
km de João Pessoa).
Ele havia prestado depoimento
na terça-feira à relatora de execuções sumárias da Organização
das Nações Unidas, Asma Jahangir, que veio ao Brasil para colher
informações para um relatório
sobre a situação do tema no país.
Ontem, em São Paulo, ela classificou o fato como "terrível".
"O governo diz que as coisas estão mudando, que vão mudar,
mas essas mudanças não estão
ocorrendo com celeridade", afirmou Jahangir, após ouvir parentes de vítimas de um suposto grupo de extermínio que envolveria
policiais civis e militares, em Guarulhos, na Grande São Paulo.
Há dois anos, Silva sobreviveu a
outro atentado, que o deixou com
sequelas -perda de parte dos
movimentos do corpo. Segundo o
deputado federal Luiz Couto (PT-PB), ele fora confundido com outra pessoa e vitimado por engano.
Couto, que é relator de uma CPI
na Câmara que investiga a ação de
milícias armadas e de grupos de
extermínio no país, disse que irá
pedir à Polícia Federal o envio de
uma força-tarefa especial à região
da divisa entre PE e a PB para agir
nos casos de crimes de pistolagem. "Não há dúvida de que essas
ações têm a conivência de autoridades, entre policiais e políticos
da região", afirmou ele.
Agenda
Depois de receber informações
sobre problemas no Estado no final de semana, de diversas entidades de direitos humanos, a relatora da ONU irá se encontrar hoje
com autoridades do governo estadual, com os secretários da Segurança e Administração Penitenciária e chefes das polícias.
Jahangir quer visitar uma unidade da Febem. Alegando que
não havia condições de segurança, a fundação não permitiu que
fosse incluída a ida dela à Unidade de Atendimento Inicial do
Brás, em São Paulo, que sofre com
problema de superlotação. Uma
outra deverá ser visitada.
Amanhã, a relatora participa à
tarde de uma audiência pública
na Assembléia Legislativa.
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