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São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 2003

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DIREITOS HUMANOS

Vítima foi baleada

Testemunha ouvida por relatora é morta

DA AGÊNCIA FOLHA

DA REPORTAGEM LOCAL

Testemunha da ação de supostos grupos de extermínio que agiriam na região que compreende Itambé (PE) e Pedras de Fogo (PB), na divisa entre os dois Estados, Flávio Manoel da Silva, 33, foi assassinado a tiros anteontem.
Também conhecido como "Chupeta", Silva foi alvejado por tiros disparados por dois encapuzados numa moto, a 30 metros de sua casa, em Pedras de Fogo (57 km de João Pessoa).
Ele havia prestado depoimento na terça-feira à relatora de execuções sumárias da Organização das Nações Unidas, Asma Jahangir, que veio ao Brasil para colher informações para um relatório sobre a situação do tema no país. Ontem, em São Paulo, ela classificou o fato como "terrível".
"O governo diz que as coisas estão mudando, que vão mudar, mas essas mudanças não estão ocorrendo com celeridade", afirmou Jahangir, após ouvir parentes de vítimas de um suposto grupo de extermínio que envolveria policiais civis e militares, em Guarulhos, na Grande São Paulo.
Há dois anos, Silva sobreviveu a outro atentado, que o deixou com sequelas -perda de parte dos movimentos do corpo. Segundo o deputado federal Luiz Couto (PT-PB), ele fora confundido com outra pessoa e vitimado por engano.
Couto, que é relator de uma CPI na Câmara que investiga a ação de milícias armadas e de grupos de extermínio no país, disse que irá pedir à Polícia Federal o envio de uma força-tarefa especial à região da divisa entre PE e a PB para agir nos casos de crimes de pistolagem. "Não há dúvida de que essas ações têm a conivência de autoridades, entre policiais e políticos da região", afirmou ele.

Agenda
Depois de receber informações sobre problemas no Estado no final de semana, de diversas entidades de direitos humanos, a relatora da ONU irá se encontrar hoje com autoridades do governo estadual, com os secretários da Segurança e Administração Penitenciária e chefes das polícias.
Jahangir quer visitar uma unidade da Febem. Alegando que não havia condições de segurança, a fundação não permitiu que fosse incluída a ida dela à Unidade de Atendimento Inicial do Brás, em São Paulo, que sofre com problema de superlotação. Uma outra deverá ser visitada.
Amanhã, a relatora participa à tarde de uma audiência pública na Assembléia Legislativa.

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