São Paulo, quarta-feira, 29 de setembro de 2004

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PRIMAVERA TROPICAL

Umidade caiu a 6% ontem em Ribeirão Preto; meteorologia prevê chuva de gelo em São Paulo hoje

País vê queimada, granizo e clima de deserto

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA

Casas destruídas pelo granizo e famílias desabrigadas pela chuva em Santa Catarina e no Paraná, ar de deserto em Ribeirão Preto e em boa parte do centro-sul, queimadas no Planalto Central e possibilidade de ressacas no litoral a partir de hoje -é a segunda semana da primavera no país.
Em Ribeirão Preto (314 km de SP), o índice de umidade do ar chegou a 6% às 17h, considerado de emergência e o menor desde 1986, segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Aulas de educação física e o trabalho dos braçais da prefeitura foram suspensos em parte do dia ontem, quando a temperatura chegou a 38C.
A cidade de São Paulo registrou às 15h de ontem 22% de umidade relativa do ar no mirante de Santana, de acordo com o Inmet (Instituto de Meteorologia), índice considerado de atenção, segundo a Organização Mundial da Saúde.
Os dados históricos coletados pelo Inpe em Votuporanga, uma das cidades mais quentes de São Paulo, mostram que o menor índice de umidade relativa do ar registrado até então foi de 13%, em 1999. "Realmente, estamos em um ano muito crítico", diz a meteorologista Neide Oliveira.
Apesar de a umidade estar menor neste ano, Neide diz que não há nenhum fenômeno meteorológico específico afetando o país. Segundo a meteorologista, desde a segunda quinzena de agosto está havendo um bloqueio das frentes frias vindas do sul -elas estão se deslocando para o oceano.
"Com isso, prevalece a massa de ar seco e a umidade fica muito baixa, enquanto a temperatura está cada vez mais elevada."

Frente fria
O clima quente e seco em São Paulo, porém, deve ser amenizado a partir de hoje por conta de uma frente fria que está se aproximando e pode trazer pancadas de chuva no decorrer do dia a todo o Estado, incluindo a capital, com possibilidade de granizo, principalmente no final da tarde.
Para hoje, o Inpe prevê forte agitação do mar no litoral do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, devido à aproximação de um ciclone extratropical associado à frente fria que está na região.

Brasília
A seca que atinge o Distrito Federal fez com que um foco de incêndio em uma área de cerrado se alastrasse ontem para áreas do Batalhão de Suprimentos do Exército e do Parque Nacional de Brasília. Segundo o Corpo de Bombeiros, o fogo destruiu 350 hectares -cem deles de área do parque. Não houve feridos.
O fogo atingiu uma área aberta que abriga um estande de tiro do Exército, em frente ao Regimento de Cavalaria da Guarda (Dragões da Independência). Os bombeiros conseguiram controlar o incêndio antes que o fogo atingisse o paiol de munições do batalhão.
O incêndio começou no final da manhã e atingiu ainda uma área do parque nacional. Durante o período de seca -a umidade do ar ontem em Brasília chegou a 15% -, há um risco maior de incêndios na região.
Segundo a Defesa Civil do Distrito Federal, a previsão é que a umidade mínima fique em torno de 15%. Na última semana, o índice chegou a 12%. "Mas isto ocorre por uma ou duas horas do dia apenas", disse o subsecretário da Defesa Civil, Nilo de Abreu Lima.
Lima aconselha que os pais continuem levando os filhos para a escola, apesar da seca. "A escola é o melhor lugar, porque as crianças ficam com educadores formados para atendê-los", disse.
A Defesa Civil também colocou em prática um plano de combate aos incêndios florestais e alerta a população a evitar queimadas. Segundo o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), o Distrito Federal registrou 73 focos de calor (queimadas autorizadas ou não e incêndios) de janeiro até segunda-feira. Em todo o ano de 2003, foram 92 focos.

Granizo
Uma chuva de granizo, que durou cerca de 20 minutos, danificou cerca de 600 casas em Lapa -cidade 70 km ao sul de Curitiba-, no final da tarde de anteontem. O levantamento é da Defesa Civil, que enviou à cidade lonas pretas para cobrir as casas de forma emergencial, uma vez que as lojas de material de construção tiveram os estoques de telha esgotados na manhã de ontem.
A chuva começou por volta das 18h. Dado o número elevado de chamadas, o Corpo de Bombeiros da cidade precisou pedir ajuda ao batalhão de Araucária, cidade da região metropolitana de Curitiba.
O prefeito local decretou situação de emergência em razão dos estragos. Segundo relato de moradores, as pedras de gelo também destruíram plantações de hortaliças e pomares da região.
Em Lages (216 km de Florianópolis), um temporal com chuva de granizo atingiu a cidade no início da manhã. A chuva continuou durante todo o dia e causou o transbordamento do rio Caveras. Até o fechamento desta edição, a Defesa Civil não tinha informações sobre o número de desabrigados. Duas casas foram interditadas pelo órgão.


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