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PRIMAVERA TROPICAL
Umidade caiu a 6% ontem em Ribeirão Preto; meteorologia prevê chuva de gelo em São Paulo hoje
País vê queimada, granizo e clima de deserto
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA
Casas destruídas pelo granizo e
famílias desabrigadas pela chuva
em Santa Catarina e no Paraná, ar
de deserto em Ribeirão Preto e em
boa parte do centro-sul, queimadas no Planalto Central e possibilidade de ressacas no litoral a partir de hoje -é a segunda semana
da primavera no país.
Em Ribeirão Preto (314 km de
SP), o índice de umidade do ar
chegou a 6% às 17h, considerado
de emergência e o menor desde
1986, segundo o Inpe (Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais).
Aulas de educação física e o trabalho dos braçais da prefeitura foram suspensos em parte do dia
ontem, quando a temperatura
chegou a 38C.
A cidade de São Paulo registrou
às 15h de ontem 22% de umidade
relativa do ar no mirante de Santana, de acordo com o Inmet (Instituto de Meteorologia), índice
considerado de atenção, segundo
a Organização Mundial da Saúde.
Os dados históricos coletados
pelo Inpe em Votuporanga, uma
das cidades mais quentes de São
Paulo, mostram que o menor índice de umidade relativa do ar registrado até então foi de 13%, em
1999. "Realmente, estamos em
um ano muito crítico", diz a meteorologista Neide Oliveira.
Apesar de a umidade estar menor neste ano, Neide diz que não
há nenhum fenômeno meteorológico específico afetando o país.
Segundo a meteorologista, desde
a segunda quinzena de agosto está
havendo um bloqueio das frentes
frias vindas do sul -elas estão se
deslocando para o oceano.
"Com isso, prevalece a massa de
ar seco e a umidade fica muito
baixa, enquanto a temperatura
está cada vez mais elevada."
Frente fria
O clima quente e seco em São
Paulo, porém, deve ser amenizado a partir de hoje por conta de
uma frente fria que está se aproximando e pode trazer pancadas de
chuva no decorrer do dia a todo o
Estado, incluindo a capital, com
possibilidade de granizo, principalmente no final da tarde.
Para hoje, o Inpe prevê forte agitação do mar no litoral do Rio
Grande do Sul e de Santa Catarina, devido à aproximação de um
ciclone extratropical associado à
frente fria que está na região.
Brasília
A seca que atinge o Distrito Federal fez com que um foco de incêndio em uma área de cerrado se
alastrasse ontem para áreas do
Batalhão de Suprimentos do
Exército e do Parque Nacional de
Brasília. Segundo o Corpo de
Bombeiros, o fogo destruiu 350
hectares -cem deles de área do
parque. Não houve feridos.
O fogo atingiu uma área aberta
que abriga um estande de tiro do
Exército, em frente ao Regimento
de Cavalaria da Guarda (Dragões
da Independência). Os bombeiros conseguiram controlar o incêndio antes que o fogo atingisse
o paiol de munições do batalhão.
O incêndio começou no final da
manhã e atingiu ainda uma área
do parque nacional. Durante o
período de seca -a umidade do
ar ontem em Brasília chegou a
15% -, há um risco maior de incêndios na região.
Segundo a Defesa Civil do Distrito Federal, a previsão é que a
umidade mínima fique em torno
de 15%. Na última semana, o índice chegou a 12%. "Mas isto ocorre
por uma ou duas horas do dia
apenas", disse o subsecretário da
Defesa Civil, Nilo de Abreu Lima.
Lima aconselha que os pais continuem levando os filhos para a
escola, apesar da seca. "A escola é
o melhor lugar, porque as crianças ficam com educadores formados para atendê-los", disse.
A Defesa Civil também colocou
em prática um plano de combate
aos incêndios florestais e alerta a
população a evitar queimadas. Segundo o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), o
Distrito Federal registrou 73 focos
de calor (queimadas autorizadas
ou não e incêndios) de janeiro até
segunda-feira. Em todo o ano de
2003, foram 92 focos.
Granizo
Uma chuva de granizo, que durou cerca de 20 minutos, danificou cerca de 600 casas em Lapa
-cidade 70 km ao sul de Curitiba-, no final da tarde de anteontem. O levantamento é da Defesa
Civil, que enviou à cidade lonas
pretas para cobrir as casas de forma emergencial, uma vez que as
lojas de material de construção tiveram os estoques de telha esgotados na manhã de ontem.
A chuva começou por volta das
18h. Dado o número elevado de
chamadas, o Corpo de Bombeiros
da cidade precisou pedir ajuda ao
batalhão de Araucária, cidade da
região metropolitana de Curitiba.
O prefeito local decretou situação de emergência em razão dos
estragos. Segundo relato de moradores, as pedras de gelo também
destruíram plantações de hortaliças e pomares da região.
Em Lages (216 km de Florianópolis), um temporal com chuva
de granizo atingiu a cidade no início da manhã. A chuva continuou
durante todo o dia e causou o
transbordamento do rio Caveras.
Até o fechamento desta edição, a
Defesa Civil não tinha informações sobre o número de desabrigados. Duas casas foram interditadas pelo órgão.
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