São Paulo, quinta-feira, 29 de setembro de 2005

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PARÓDIA ANIMAL

Ato inspirado na Cow Parade cobrou maior incentivo à cultura

"Vacas magras" vão às ruas de BH

Divulgação
Vaca magra colocada em rua de Belo Horizonte em protesto contra a falta de incentivo à cultura


THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA

Artistas plásticos de Belo Horizonte (MG) montaram 11 "vacas magras" -com ataduras de gesso, caixas de leite e restos de madeira- e exibiram as obras em protesto contra a falta de incentivo cultural no município.
O movimento se intitulou Cow Paródia, uma referência ao evento internacional de arte de rua Cow Parade, realizado em São Paulo desde o início do mês.
Reuniu cerca de 20 pessoas de seis coletivos (núcleos de produção artística), que se conheceram durante intervenções nas ruas de Belo Horizonte.
"Aproveitamos a deixa da Cow Parade para dizer que as vacas andam muito magras por aqui", disse a artista plástica Lívia Barreto, 26. Por "vacas magras", segundo o movimento, entenda-se a falta de eventos culturais gratuitos e de apoio à cultura popular.
Para a integrante do Cow Paródia, os espetáculos grátis que chegam a Belo Horizonte são patrocinados por multinacionais que "aproveitam para bombardear a cidade com propaganda sobre sua conduta exemplar".
Na mostra paulista, são 85 vacas (previsão de 150 até novembro) de fibra de vidro em tamanho natural, expostas em pontos diferentes da cidade e que funcionam como telas para os artistas selecionados. As vacas da Cow Paródia mineira -a mais cara consumiu R$ 35- foram pintadas com restos de tinta doados.
O movimento Cow Paródia saiu às ruas anteontem. O itinerário (a pé) começou com uma passagem pela intervenção urbana "Vaca de Concreto", uma escultura de concreto do animal feita em 1981 pelo artista Marcelo Nistche, em uma calçada da zona sul da cidade.
As vacas também passaram por duas praças e pela sede da Secretaria Estadual da Cultura. Uma integrante do movimento vestiu uma fantasia de "vaca doente" e saiu em uma cadeira de rodas.
O percurso terminou no canteiro central da avenida Afonso Pena, uma das principais da cidade, em frente ao Palácio das Artes. Segundo Barreto, as vacas foram deixadas no local para "serem apropriadas pelo público". Até ontem, pelo menos 8 das 11 vacas haviam sido roubadas.

Outro lado
A Prefeitura de Belo Horizonte informou que desenvolve uma "política cultural permanente" na cidade. Como exemplos, citou atividades do Salão do Livro, o Festival Internacional de Quadrinhos e o Festival de Arte Negra, além de programas sociais de acesso à cultura. A Secretaria Estadual da Cultura não se manifestou.


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