São Paulo, sábado, 29 de setembro de 2007

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Cursos contestam dados de exame da OAB

Facamp diz ter aprovado 88,9% de seus alunos nos exames do 1º semestre; Unip diz que dados divulgados não conferem com resultados

As faculdades alegam, por exemplo, que a ordem incluiu na divulgação do resultado notas de alunos que ainda não haviam concluído o curso

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Duas faculdades de direito -Facamp e Unip- contestam os dados de aprovação do exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). A aprovação na avaliação é requisito para o bacharel poder advogar.
A Facamp, de Campinas, diz que 88,9% de seus alunos foram aprovados nos dois exames que ocorreram no primeiro semestre. Baseada em dados da ordem, a Folha publicou, no dia 18, que o índice de aprovação da faculdade foi de 61%.
Um dos equívocos, segundo a Facamp, decorre da soma, para o cálculo da porcentagem, de candidatos que participaram dos dois exames do primeiro semestre (janeiro e maio).
Alunos reprovados no primeiro exame e no segundo teriam sido contados duas vezes. No primeiro, a Facamp teve um índice de aprovação de 64,86%; no segundo, 52,94%.
A OAB disse ontem à Folha que o correto é calcular o índice de aprovados separadamente. No índice de 61% não foi feita essa separação.
A Facamp diz ainda que a OAB, ao elaborar os índices de aprovação, considerou como candidatos alunos que ainda não haviam concluído o curso -os chamados treineiros.
Segundo o presidente da comissão de ensino jurídico da OAB, Adilson Gurgel, a ordem proibiu que treineiros fizessem o exame. Os candidatos, no entanto, só têm que comprovar a conclusão do curso após a divulgação do resultado.
A Folha indagou à OAB-SP, que havia repassado os dados para a OAB federal, quantos alunos da Facamp se inscreveram nos dois exames, mas foi informada de que só é possível saber o total de inscritos -54. Para a Facamp, nesse número há alunos que foram reprovados no primeiro exame ou que não tinham concluído o curso à época do exame. A faculdade diz que 36 formados fizeram as provas (32 foram aprovados).

Unip
A Unip (Universidade Paulista), em nota, diz que os dados do exame da ordem divulgados anteontem pelo Ministério da Educação e pela OAB "não conferem com os resultados obtidos nos exames da OAB-SP".
Três cursos da Unip em três cidades de São Paulo foram colocados na lista dos 37 cursos ruins, com baixa avaliação no Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) e índice de aprovação no exame da OAB menor do que 10%.
A Unip diz que no exame de maio todas as suas unidades tiveram 20% de aprovação. O MEC, por sua vez, considerou o índice de aprovação no primeiro exame ocorrido do ano, realizado em fevereiro.
A pasta diz que optou por levar em conta o primeiro exame feito em São Paulo porque ele ocorreu ao mesmo tempo em que o exame unificado, aplicado em 17 Estados. A pasta ressaltou ainda que as faculdades que terão de passar por um processo de supervisão foram escolhidas com base em dados do Enade, e não do exame da OAB.
Para o diretor da Unip, José Nasser, o certo seria utilizar os números mais recentes. De acordo com os dados da OAB, a Unip da capital teve índice de aprovação de 9,37% no exame ocorrido em janeiro e de 21,55% no exame de maio.
Já a Unip de Santana do Parnaíba (SP), também na lista das 37 faculdades com baixa avaliação no Enade e índice de aprovação na OAB menor do que 10%, aprovou, segundo a ordem, 8,7% dos alunos no primeiro exame e 27,91% no outro. Também na lista das 37, a Unip de São José dos Campos teve índice de aprovação 5,83% na primeira avaliação e de 23,47% na segunda.
As três unidades tiveram conceito Enade, que avalia os alunos, e conceito IDD, que mede o conhecimento agregado pela universidade ao estudante, menores do que 3, em uma escala de um a cinco.


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