|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mulher chefia quase 30% dos lares do país
Síntese dos Indicadores Sociais do IBGE, com dados de 2006, revela que elas lideram 29,2% dos domicílios; em 1996, eram 21,6%
Crescimento ocorre mesmo entre as mulheres casadas, passando de 2,6% para 8,3%; definição leva em consta principalmente renda
JANAINA LAGE
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
De segunda a sábado, das 7h
às 20h, ela ganha a vida fazendo
unhas em um pequeno salão
montado na garagem de casa,
na zona leste de São Paulo. À
noite, cuida do marido e dos
afazeres domésticos. Angela
Maria Lima de Brito Oliveira,
48, está no crescente contingente de mulheres que chefiam
o lar e são casadas: eram 20,7%
das chefes de família em 2006,
mais do que os 9,1% de 1996.
Pelos dados da Síntese de Indicadores Sociais do IBGE,
quase 30% dos domicílios do
país (29,2%) tinham, em 2006,
mulheres à frente. O índice era
menor em 1996 (21,6%).
Segundo Ana Lúcia Sabóia,
coordenadora da pesquisa, a
grande novidade que veio à luz
nos últimos anos é o aumento
de mulheres que, mesmo casadas, chefiam o domicílios. De
um lado, diz, é reflexo do "empoderamento" das mulheres,
que passaram a ganhar, a assumir cargos de gerência e se integrar mais ativamente na vida
social. De outro, avalia, retrata
também o problema do desemprego e da carência de renda
dos homens.
Apesar da forte expansão nos
últimos anos, a chefia feminina
do lar predomina ainda em residências onde elas vivem sem
o marido -79,3% em 2006,
contra 91,9% em 1996.
Segundo o IBGE, o chefe de
domicílio é a pessoa responsável pela família ou assim considerada pelos demais integrantes. O principal critério é a auto-declaração, baseado na renda. "Nunca parei para pensar
nisso, mas, de fato, se sou eu
quem ganha mais e paga a
maior parte das contas, eu sou a
chefe da família", diz Angela,
que ainda ajuda o filho que estuda no Rio.
Ela consegue um rendimento de cerca de R$ 1.800 com a
atividade de manicure e a venda de cosméticos e produtos
em catálogos. O marido, o cabeleireiro aposentado Nelson Antonio de Oliveira, 74, ganha um
salário mínimo e meio do INSS.
"Eu pago a luz, o telefone.
Quase todas as despesas. O Nelson se aposentou em 1991, mas
a aposentadoria dele veio um
fracasso. Já recorremos à Justiça, mas nada. Ele trabalhou durante um tempo comigo no salão cortando cabelo, mas ficou
doente e parou de vez há dois
anos", conta Angela.
Dos 38,4 milhões de casais do
país, o percentual de mulheres
que se declaram como chefes
de família é de 8,3%. Em 1996,
elas não passavam de 2,6%.
Em geral, a pessoa de referência era apontada com base
na maior renda e conforme a
posição profissional. Nos lares
chefiados por homens, 73% das
mulheres ganham menos.
Segundo o IBGE, o total de
mulheres que chefiavam o lar
subiu de 10,3 milhões em 1996
para 18,5 milhões em 2006 -alta de 79%. Já o de homens cresceu menos -25%. Aumentou
também a proporção de domicílios com mulheres com filhos
e sem marido -de 15,8% em
1996 para 18,1% em 2006.
Texto Anterior: Outros laudos feitos por Charles Kiraly Próximo Texto: Chefes de família casadas são mais comuns entre pobres Índice
|