São Paulo, sábado, 29 de setembro de 2007

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Mulher chefia quase 30% dos lares do país

Síntese dos Indicadores Sociais do IBGE, com dados de 2006, revela que elas lideram 29,2% dos domicílios; em 1996, eram 21,6%

Crescimento ocorre mesmo entre as mulheres casadas, passando de 2,6% para 8,3%; definição leva em consta principalmente renda

JANAINA LAGE
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

De segunda a sábado, das 7h às 20h, ela ganha a vida fazendo unhas em um pequeno salão montado na garagem de casa, na zona leste de São Paulo. À noite, cuida do marido e dos afazeres domésticos. Angela Maria Lima de Brito Oliveira, 48, está no crescente contingente de mulheres que chefiam o lar e são casadas: eram 20,7% das chefes de família em 2006, mais do que os 9,1% de 1996.
Pelos dados da Síntese de Indicadores Sociais do IBGE, quase 30% dos domicílios do país (29,2%) tinham, em 2006, mulheres à frente. O índice era menor em 1996 (21,6%).
Segundo Ana Lúcia Sabóia, coordenadora da pesquisa, a grande novidade que veio à luz nos últimos anos é o aumento de mulheres que, mesmo casadas, chefiam o domicílios. De um lado, diz, é reflexo do "empoderamento" das mulheres, que passaram a ganhar, a assumir cargos de gerência e se integrar mais ativamente na vida social. De outro, avalia, retrata também o problema do desemprego e da carência de renda dos homens.
Apesar da forte expansão nos últimos anos, a chefia feminina do lar predomina ainda em residências onde elas vivem sem o marido -79,3% em 2006, contra 91,9% em 1996.
Segundo o IBGE, o chefe de domicílio é a pessoa responsável pela família ou assim considerada pelos demais integrantes. O principal critério é a auto-declaração, baseado na renda. "Nunca parei para pensar nisso, mas, de fato, se sou eu quem ganha mais e paga a maior parte das contas, eu sou a chefe da família", diz Angela, que ainda ajuda o filho que estuda no Rio.
Ela consegue um rendimento de cerca de R$ 1.800 com a atividade de manicure e a venda de cosméticos e produtos em catálogos. O marido, o cabeleireiro aposentado Nelson Antonio de Oliveira, 74, ganha um salário mínimo e meio do INSS.
"Eu pago a luz, o telefone. Quase todas as despesas. O Nelson se aposentou em 1991, mas a aposentadoria dele veio um fracasso. Já recorremos à Justiça, mas nada. Ele trabalhou durante um tempo comigo no salão cortando cabelo, mas ficou doente e parou de vez há dois anos", conta Angela.
Dos 38,4 milhões de casais do país, o percentual de mulheres que se declaram como chefes de família é de 8,3%. Em 1996, elas não passavam de 2,6%.
Em geral, a pessoa de referência era apontada com base na maior renda e conforme a posição profissional. Nos lares chefiados por homens, 73% das mulheres ganham menos.
Segundo o IBGE, o total de mulheres que chefiavam o lar subiu de 10,3 milhões em 1996 para 18,5 milhões em 2006 -alta de 79%. Já o de homens cresceu menos -25%. Aumentou também a proporção de domicílios com mulheres com filhos e sem marido -de 15,8% em 1996 para 18,1% em 2006.


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