São Paulo, quarta-feira, 29 de setembro de 2010

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ANÁLISE

Árvores disputam espaço com os equipamentos urbanos

DEMÓSTENES FERREIRA DA SILVA FILHO
ESPECIAL PARA A FOLHA

A floresta urbana da cidade de São Paulo existe muitas vezes como espaço a ser construído, tomado de volta de estacionamentos, vias públicas e construções.
As vias públicas são oportunidades de levar cobertura arbórea para toda a cidade, já que estão presentes mesmo em bairros onde já não existem áreas livres.
Contudo, esse espaço viário possui concorrência de outros equipamentos urbanos, como telefones, iluminação, rede elétrica, postes e sinalizações viárias que estão em constante conflito com as copas das árvores.
Para compatibilizar tais equipamentos com as árvores, o recurso mais usado são podas que, em geral, mutilam e reduzem a capacidade das copas das árvores de prover serviços ambientais, como filtrar o ar de poluentes.
Na cidade de São Paulo, toda a preocupação com podas e cortes decorre da falta de estrutura tanto financeira quanto humana.
Melhorar o serviço de poda ameniza as pressões da sociedade para resolver esses conflitos, porém, por si só, não resolve o problema.
A solução pode estar em adaptar o tecido urbano para receber árvores maiores com copas perfeitas, capazes de prestar os melhores serviços ambientais.
Maringá, no Estado do Paraná, é um exemplo interessante. Essa cidade mudou todo o sistema de rede elétrica e iluminação para eliminar o conflito com as árvores e mantém sombra constante em todas as vias públicas.
Isso parece bem mais sensato do que mutilar todas as árvores para "adaptar" suas copas ao elemento construído, que poderia muito bem ser remodelado para uma cidade melhor.
Talvez esse seja o critério mais urgente. Todos os esforços deveriam ser concentrados nessas áreas para que seja feita uma mudança no uso e ocupação para dar lugar à floresta urbana.


DEMÓSTENES FERREIRA DA SILVA FILHO , 44, é professor doutor do departamento de ciências florestais da Esalq/USP, especialista em silvicultura urbana


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