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ANÁLISE
Árvores disputam espaço com os equipamentos urbanos
DEMÓSTENES FERREIRA DA
SILVA FILHO
ESPECIAL PARA A FOLHA
A floresta urbana da cidade de São Paulo existe muitas
vezes como espaço a ser
construído, tomado de volta
de estacionamentos, vias públicas e construções.
As vias públicas são oportunidades de levar cobertura
arbórea para toda a cidade, já
que estão presentes mesmo
em bairros onde já não existem áreas livres.
Contudo, esse espaço viário possui concorrência de
outros equipamentos urbanos, como telefones, iluminação, rede elétrica, postes e
sinalizações viárias que estão em constante conflito
com as copas das árvores.
Para compatibilizar tais
equipamentos com as árvores, o recurso mais usado são
podas que, em geral, mutilam e reduzem a capacidade
das copas das árvores de prover serviços ambientais, como filtrar o ar de poluentes.
Na cidade de São Paulo,
toda a preocupação com podas e cortes decorre da falta
de estrutura tanto financeira
quanto humana.
Melhorar o serviço de poda
ameniza as pressões da sociedade para resolver esses
conflitos, porém, por si só,
não resolve o problema.
A solução pode estar em
adaptar o tecido urbano para
receber árvores maiores com
copas perfeitas, capazes de
prestar os melhores serviços
ambientais.
Maringá, no Estado do Paraná, é um exemplo interessante. Essa cidade mudou todo o sistema de rede elétrica
e iluminação para eliminar o
conflito com as árvores e
mantém sombra constante
em todas as vias públicas.
Isso parece bem mais sensato do que mutilar todas as
árvores para "adaptar" suas
copas ao elemento construído, que poderia muito bem
ser remodelado para uma cidade melhor.
Talvez esse seja o critério
mais urgente. Todos os esforços deveriam ser concentrados nessas áreas para que seja feita uma mudança no uso
e ocupação para dar lugar à
floresta urbana.
DEMÓSTENES FERREIRA DA SILVA FILHO ,
44, é professor doutor do departamento de
ciências florestais da Esalq/USP,
especialista em silvicultura urbana
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