São Paulo, quinta-feira, 29 de setembro de 2011

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Governo quer vetar propaganda com Gisele

Para Secretaria de Políticas para Mulheres, anúncio de marca de lingerie é 'sexista' e reforça estereótipos da mulher

Modelo aparece de calcinha e sutiã para dar má notícia a marido; empresa diz que manterá campanha

DE BRASÍLIA
DE SÃO PAULO


"Amor, preciso te falar uma coisa: eu bati seu carro." Dar a notícia de roupa está errado. O jeito certo é contar de lingerie, segundo campanha publicitária da marca Hope exibida desde o dia 18.
O comercial de TV mobilizou a Secretaria de Políticas para Mulheres, do governo federal, que enviou nota de repúdio à empresa e pediu ao Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) a suspensão da peça.
Para a pasta, o anúncio reforça "estereótipo equivocado da mulher como objeto sexual de seu marido e ignora os grande avanços alcançados para desconstruir práticas e pensamentos sexistas".
Essa não é a primeira vez que a secretaria reclama de propagandas. O Conar suspendeu, no ano passado, campanha da cerveja Devassa com a socialite Paris Hilton.
O presidente da Abap (Associação Brasileira de Agências de Publicidade), Luiz Lara, diz não ver apelo sexual.
"Não acho que haja abuso ou desrespeito à mulher. [A propaganda] é bem-humorada, divertida e tem pertinência com o jeito do brasileiro."
Entidades de defesa das mulheres discordam. "[A peça] Remete à imagem estereotipada e antiga, que valoriza mais dotes físicos do que a inteligência", diz Rachel Moreno, do Observatório da Mulher.
Para a filósofa Jacira Melo, diretora do Instituto Patrícia Galvão, que também protestará no Conar, a polêmica foi estratégia de mercado: "Um grande comerciante, como a Hope, tem intenção número um de causar esse constrangimento na sociedade, para ser mais falada e mais vista".
Adilson Xavier, presidente e diretor de criação da Giovanni+DraftFCB, que produziu a campanha, concorda que a polêmica, "acidental", pode beneficiar a marca, mas diz que há uma certa "paranoia" e que levar a peça a sério "chega a ser ridículo".
A Hope nega que a peça seja "sexista" e diz que irá mantê-la. Diz que a escolha de Gisele Bündchen, bem-sucedida internacionalmente, foi "exatamente para evitar que fôssemos analisados sob o viés da subserviência ou dependência financeira da mulher".
A assessoria de Gisele diz considerar a peça "uma sátira". "Lamentamos que algo que era para ser divertido tenha tido outra interpretação." (NÁDIA GUERLENDA, JOHANNA NUBLAT E CRISTINA MORENO DE CASTRO)

FOLHA.com
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