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JUSTIÇA
Em duas semanas, ministros do STF devem julgar volta ao Chile de criminoso que sequestrou Washington Olivetto
Procurador aprova extraditar sequestrador
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O procurador-geral da República, Claudio Fonteles, enviou parecer ao STF (Supremo Tribunal Federal) favorável à extradição para
o Chile de Maurício Norambuena, condenado no Brasil sob acusação de ter comandado o sequestro do publicitário Washington
Olivetto, em 2001.
Os 11 ministros do STF deverão
julgar o pedido de extradição
dentro de duas semanas, em sessão plenária, com base no voto do
relator, Celso de Mello. A tendência é autorizá-lo, mas o seu retorno imediato ao país, como ele
próprio deseja, dependerá da autorização do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Integrante de organização de
esquerda chamada "Frente Patriótica Manuel Rodríguez", Norambuena foi condenado em seu
país à prisão perpétua por associação ilícita terrorista, assassinato do senador Jaime Guzmán e sequestro de Cristián Edwards del
Rio, filho do dono do jornal "El
Mercurio", entre 91 e 92. Em 31 de
dezembro de 96, ele fugiu de uma
prisão de segurança máxima.
No Brasil, ele já foi condenado a
16 anos de prisão sob acusação de
ter liderado o sequestro de Olivetto, em dezembro de 2001, e o Ministério Público tenta elevar a pena por meio de recurso no Tribunal de Justiça de São Paulo.
Norambuena quer a extradição
imediata porque dessa forma se
livraria do cumprimento da pena
imposta pela Justiça brasileira e
teria a expectativa de receber uma
série de benefícios previstos na legislação penal chilena, que lhe garantiriam liberdade em médio
prazo apesar da condenação à
prisão perpétua. Ele já manifestou
formalmente ao STF o seu desejo
de retornar imediatamente.
No parecer, Fonteles recomendou ao STF que converta a prisão
perpétua em pena de até 30 anos
de prisão, o máximo admitido pela legislação penal brasileira. Ele
afirma que essa conversão está
prevista em acordo de extradição
assinado entre os países membros
do Mercosul, o Chile e a Bolívia.
O STF tem decisões nas quais
reconhece o poder do presidente
da República de autorizar a extradição imediata, independentemente da existência de condenação no Brasil, nos casos em que
seja considerada conveniente no
aspecto político. Os ministros dizem que essa possibilidade está
prevista no Estatuto do Estrangeiro, uma lei de 1980.
O pedido de extradição foi formulado pelo governo do Chile em
julho de 2002. A ordem de prisão
nesse processo foi dada pelo Supremo em abril de 2003.
O publicitário Washington Olivetto foi sequestrado na noite de
11 de dezembro de 2001, depois de
deixar sua agência, a W. Brasil. Ele
foi mantido em um cativeiro no
Brooklin, na zona sul de São Paulo. Norambuena e os outros cinco
homens acusados de participar
do sequestro estão presos desde
fevereiro de 2002.
O sequestrador chileno foi
transferido em março deste ano
para a Penitenciária de Segurança
Máxima de Presidente Bernardes
(SP). Ele estava detido desde fevereiro de 2002 na Casa de Custódia
de Taubaté. Em Presidente Bernardes estão líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital) e o
traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar. Na
época, o governo paulista informou que o sequestrador foi removido por questão de segurança.
A Folha procurou Olivetto ontem à noite, mas o publicitário estava em uma viagem internacional e não foi localizado.
Familiares disseram que dificilmente o publicitário voltará a falar do sequestro.
Quando foi libertado, em agosto
do ano passado, Olivetto não quis
comentar as motivações políticas
do crime e disse que os sequestradores deveriam ser tratados como
criminosos. "Eles estão cometendo um ato contra as regras do jogo de uma sociedade civilizada e,
a partir disso, têm de ser julgados
e condenados", afirmou o publicitário. "Esse episódio, porém, eu
quero esquecer e sei que vai ser
muito difícil fazê-lo", declarou
ainda Olivetto naquela ocasião.
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