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Especialistas
apontam rigor
excessivo
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois especialistas em direito
ouvidos ontem pela Folha criticaram a decisão que condenou J.L.C.M. a oito anos de prisão por contágio de Aids.
Membro da Associação Juízes para Democracia, o juiz
Luís Fernando Vidal afirmou
que o rigor utilizado por Pires
foi excessivo. "Só se pode falar
em tentativa de homicídio
quando o comportamento é
apto para produzir a morte",
disse Vidal. "Uma coisa é dar
um tiro na cabeça de alguém
-aí posso dizer que tentou
matar-, outra é, só pelo contágio da doença, fazer o prognóstico de morte."
Professor titular de direito da
USP, Antonio Chaves Camargo
disse que a evolução das relações sociais tem de ser levada
em conta. "Vivemos numa sociedade de risco, todos somos
autores e vítimas se não tomarmos os devidos cuidados", disse. "Não há obrigação de comunicar ao parceiro que se está
com o vírus."
Camargo classificou a situação de "absurda". "O direito
penal brasileiro está atrasado
150 anos em relação ao europeu", disse ele, para quem, por
conta desse "atraso", não há
garantia de que a sentença venha a ser reformada.
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