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TRANSPORTE
Professor se diz frustrado com medida, mas arquiteta temia transtorno e afirma que região não precisava de metrô
Retirada de estação divide os moradores
DA REPORTAGEM LOCAL
As reclamações contra a estação
Três Poderes da linha 4 do Metrô,
acompanhada de um terminal de
ônibus, estão longe de ser uma
unanimidade nas imediações. Pelo contrário, muita gente se diz
frustrada com a exclusão dela.
"Eu estava bem ansioso, na minha rua todo mundo queria. É
uma pena, já estava esperando fazia um tempão", afirmou Fong
Chien, 73, professor de pintura
que pretendia usar a linha para se
deslocar à casa de seus alunos.
"Até gosto de andar, mas eu tenho certa idade, não dá para ir a
pé até a próxima estação", diz ele,
em referência à distância de até 1,2
km que enfrentará para chegar às
paradas Butantã ou Morumbi.
A arquiteta Nancy Miyahara,
que participava da Associação
dos Moradores do Jardim Christie, afirma que havia morador
querendo sair do bairro por causa
da estação Três Poderes. Segundo
ela, se não houvesse a integração
com os ônibus, não haveria tanto
problema. Mas, sem isso, a demanda no local cairia demais.
"É uma região que não precisa
tanto. As outras estações não ficarão tão distantes", opina.
"É um bairro bem residencial,
poderia trazer muito movimento,
viriam camelôs, além da quantidade de ônibus. É um transtorno.
Tinha um pessoal que já queria fechar as ruas", acrescenta.
O professor aposentado Eduardo Vitale, 79, se diz indeciso sobre
os efeitos da estação Três Poderes.
"Teve uma discussão muito forte.
De um lado, tem a questão do
trânsito, de atrair bandido e marreteiro. De outro, dizem que pode
valorizar e é uma facilidade. Eu fico na dúvida [se as vantagens seriam maiores que as desvantagens]", afirma ele.
José Sérgio Toledo Cruz, diretor-superintendente da distrital
Butantã da Associação Comercial
de São Paulo, chegou a promover
debates sobre a obra, mas avalia
que a maioria dos vizinhos preferia a construção da estação.
Mesmo assim, ele afirma não ter
ouvido nenhuma reclamação de
comerciantes depois que eles foram informados, há dois meses,
da exclusão da Três Poderes.
Entre os pólos geradores de tráfego próximos dela está a faculdade do grupo FMU/FIAM -cujos
estudantes seriam usuários.
Para Jaime Waisman, professor
da USP (Universidade de São
Paulo), a resistência de moradores à presença do transporte coletivo perto de casa reflete um preconceito prejudicial à sociedade.
Em grandes metrópoles desenvolvidas, ricos também andam de
metrô e ônibus. "Aqui há uma visão de que principalmente os ônibus são coisa de pobre. É algo
preocupante."
(ALENCAR IZIDORO)
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