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Para entidades, luta por direitos é abalada
Grupos que acompanham trabalho do padre Júlio dizem que acusações prejudicam apoio aos movimentos de direitos humanos
Advogado afirma que o religioso está deprimido e chateado porque a imprensa montou um cerco em frente à casa dele
DA REPORTAGEM LOCAL
Entidades que acompanham
os trabalhos do padre Júlio
Lancelotti afirmaram que as
acusações feitas contra ele abalam a luta dos movimentos de
defesa dos direitos humanos.
"O movimento já é muito discriminado, há dificuldade para
obter ajuda, ninguém quer se
associar ao nome de internos.
Com uma acusação dessas a alguém que é referência, piora, ficamos ainda mais vulneráveis",
declarou Conceição Paganele,
da Amar (associação de mães
de internos da Febem).
"As afirmações são mentiras,
sem nenhuma prova. São feitas
por criminosos e oportunistas.
Há muito interesse por trás.
Ele [padre Júlio] tem muitos
desafetos. Na própria polícia há
quem queira abafar outros assuntos", disse Ariel de Castro
Alves, do Conselho Estadual de
Defesa dos Direitos da Pessoa
Humana. Para ele, só houve demora do religioso em formalizar as acusações de extorsão
que sofria devido ao "constrangimento" de ser vítima de um
ex-interno que ele defendia.
Na noite de sábado, segundo
sua mãe, padre Júlio foi levado
por um médico amigo para ser
atendido em um hospital.
"Ele está muito deprimido,
abatido e chateado porque
montaram um cerco de imprensa na frente da casa dele",
declarou Luiz Eduardo Greenhalgh, advogado do padre, que
não quis ontem responder outras perguntas sobre o caso.
Dom Pedro Luiz Stringhini,
bispo auxiliar de São Paulo, visitou ontem o padre Júlio. "Ele
está muito preocupado com a
mãe por causa da situação", disse d. Pedro. O bispo declarou
não ter feito nenhuma pergunta sobre as acusações. "Não é o
momento de perguntar se há
algum fundamento nas acusações, mas de apoiá-lo."
Ontem teve missa na igreja
São Miguel Arcanjo, na Mooca
(zona leste), da qual o padre Júlio é titular. Mas não com ele,
que se afastou da paróquia há
duas semanas. Na capela, cerca
de cem fiéis ouviam o sermão
do substituto, João Batista, sobre o contraditório entre a justiça divina e a dos homens.
"Vamos trazer as dores do
padre Júlio aos nossos corações", disse o padre Batista.
"Ele pode ter mil defeitos, mas
diante do que fez até hoje, tiro o
chapéu", afirmou ao final da
missa, referindo-se ao trabalho
social de padre Júlio.
Colaborou LEANDRO BEGUOCI , da Reportagem
Local
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