São Paulo, quarta-feira, 29 de outubro de 2008

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Delegados de 8 Estados vão parar por 2 h em apoio a greve

Das 14h às 16h, só serão atendidas ocorrências graves; no Rio, categoria pode entrar em greve

Além de apoiar colegas paulistas, policiais defendem aprovação de proposta que equipara salário ao do Ministério Público

DA AGÊNCIA FOLHA
DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Delegados de ao menos oito Estados do país prometem paralisar as atividades por duas horas, hoje, em apoio ao movimento grevista de São Paulo, que já dura 43 dias, e para reivindicar uma pauta da categoria. Em outros Estados, a idéia é realizar um ato simbólico, com os policiais usando fitas pretas ou com as cores da bandeira paulista (preta e vermelha).
Além de apoiar o movimento grevista em São Paulo, os delegados reivindicam a aprovação de uma emenda constitucional, de autoria do deputado federal Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), que prevê que o menor salário de um delegado não pode ser inferior ao de um promotor.
Em São Paulo, por exemplo, o salário inicial de um delegado é de R$ 4.275,18 (capital) e o de um promotor, R$ 18 mil. Um delegado, em média, ganha R$ 7.085,85 no Estado.
Os policiais civis de São Paulo pedem reajuste de 15% imediatamente, mais 12% em 2009 e em 2010. O governo oferece dois reajustes de 6,5%, um a ser dado em janeiro de 2009 e o outro em janeiro de 2010.
No Rio de Janeiro, todos os policiais civis vão parar das 14h às 16h para votar se irão entrar em greve, como parte de uma estratégia para unificar o movimento dos dois Estados.
Em Minas Gerais, Mato Grosso, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Bahia e Pernambuco, os delegados devem cruzar os braços no mesmo período. A idéia, assim como ocorre em São Paulo desde o início da greve, é atender só aos casos considerados graves, como homicídios e seqüestros.
Já no Maranhão, o presidente da Adepol (Associação dos Delegados de Polícia), Marcos Afonso Júnior, diz que os delegados vão paralisar as atividades por 24 horas, a partir das 8h. "Aqui ainda há problemas como a perseguição política de delegados e a falta deles."
No interior de São Paulo, policiais civis planejam uma concentração em Bauru, uma reunião de policiais em Marília e o fechamento simbólico de delegacias em Botucatu.

Aliança
As federações dos policiais civis das regiões Centro-Oeste e Norte, Nordeste e Sul e Sudeste, que planejavam uma paralisação das atividades dos policiais por 24 horas hoje, adiaram a manifestação para 17 de novembro, das 8h às 12h.
Segundo Divinato Ferreira, presidente da federação dos policiais civis das regiões Centro-Oeste e Norte, uma das razões para o adiamento é uma reunião que ocorre hoje entre lideranças da categoria no Ministério da Justiça.
O objetivo da paralisação, de acordo com o presidente do Sindicato da Polícia Civil do Rio, Fernando Bandeira, é consolidar uma aliança com os policiais de São Paulo, algo que já vem sendo articulado desde o início da semana.
"Estamos verificando uma situação [de iminência de greve] nacional, mas é mais certa uma aliança entre Rio e São Paulo, porque são os dois Estados onde as remunerações e as condições são piores", disse.
Durante a assembléia de hoje, os policiais do Rio vão definir o índice de reajuste a ser reivindicado junto ao governo. O piso salarial de um delegado no Estado é de R$ 8.129,18.
Procurada pela Folha, a chefia da Polícia Civil não se manifestou sobre o movimento.

Polícia Federal
Ontem, a associação nacional dos delegados da Polícia Federal divulgou uma carta endereçada ao governador José Serra (PSDB), declarando apoio à greve em São Paulo.
O documento pede "atenção ao justo pleito dos nossos colegas, resgatando-se a dignidade salarial desses profissionais".
(CÍNTIA ACAYABA, CRISTINA MORENO DE CASTRO e LUIS KAWAGUTI)



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