São Paulo, quarta-feira, 29 de outubro de 2008

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BENEDITA VIEIRA DA SILVA (1909-2008)

A pioneira da telefonia jacutinguense

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Telefone ainda era escrito com "ph" quando o primeiro aparelho do município mineiro de Jacutinga foi instalado na sala de Benedita Vieira da Silva. Nem na casa do delegado havia telefone.
Didi foi pioneira na cidade. Em maio de 1928, como consta em documentos encontrados pela família, a Companhia Telephonica Brasileira ligou o aparelho na frente dela. Breve parêntese: Benedita detestava o próprio nome; era Didi.
Quando tilintava o aparelho, era ela quem anotava e repassava recados. Foi telefonista por mais de 40 anos.
Como lembra a sobrinha, até namorado Didi arrumou por telefone, numa época em que relacionamentos virtuais nem eram cogitados.
Com um dos namorados, trocou confidências por cerca de dez anos. Chegaram a marcar um encontro, mas o pretendente morreu antes, fulminado por um infarto.
Natural de Paraisópolis, a 440 km de Belo Horizonte, mudou-se para Jacutinga aos dois anos. O pai, maestro, foi organizar a banda da cidade. Em 1932, durante a Revolução Constitucionalista, Didi foi presa -os soldados ficaram com medo de ela passar informações privilegiadas aos paulistas. As linhas chegaram a ser cortadas.
Muito ativa, recebia políticos em casa. Dizia guardar um garfo usado por Juscelino Kubitschek quando ele passou por Jacutinga -cidade onde morreu anteontem, aos 99, de falência múltipla dos órgãos. Não deixa filhos.

obituario@folhasp.com.br



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