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BENEDITA VIEIRA DA SILVA (1909-2008)
A pioneira da telefonia jacutinguense
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Telefone ainda era escrito
com "ph" quando o primeiro
aparelho do município mineiro de Jacutinga foi instalado na sala de Benedita Vieira da Silva. Nem na casa do
delegado havia telefone.
Didi foi pioneira na cidade.
Em maio de 1928, como
consta em documentos encontrados pela família, a
Companhia Telephonica
Brasileira ligou o aparelho na
frente dela. Breve parêntese:
Benedita detestava o próprio
nome; era Didi.
Quando tilintava o aparelho, era ela quem anotava e
repassava recados. Foi telefonista por mais de 40 anos.
Como lembra a sobrinha,
até namorado Didi arrumou
por telefone, numa época em
que relacionamentos virtuais nem eram cogitados.
Com um dos namorados,
trocou confidências por cerca de dez anos. Chegaram a
marcar um encontro, mas o
pretendente morreu antes,
fulminado por um infarto.
Natural de Paraisópolis, a
440 km de Belo Horizonte,
mudou-se para Jacutinga
aos dois anos. O pai, maestro,
foi organizar a banda da cidade. Em 1932, durante a Revolução Constitucionalista, Didi foi presa -os soldados ficaram com medo de ela passar informações privilegiadas aos paulistas. As linhas
chegaram a ser cortadas.
Muito ativa, recebia políticos em casa. Dizia guardar
um garfo usado por Juscelino Kubitschek quando ele
passou por Jacutinga -cidade onde morreu anteontem,
aos 99, de falência múltipla
dos órgãos. Não deixa filhos.
obituario@folhasp.com.br
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