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SALOMEA GOTTLIEB LUCKI (1922 - 2010)
A cozinha judaica de dona Lonka
ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO
A casa da polonesa Salomea Gottlieb Lucki, a dona
Lonka, vivia cheia, e o motivo estava na cozinha. Na família e entre os amigos, ela
ganhou fama de cozinheira
excepcional graças a seus
pratos de origem judaica.
No meio dos anos 70, após
ficar viúva, Lonka ouviu da
amiga Zenaide que aqueles
dotes culinários deveriam ser
mais bem aproveitados.
Em 1982, as duas se juntaram à amiga Rosa e criaram a
Z-Deli, inspirada nas delicatessens nova-iorquinas.
Antes restrita, a fama da
cozinheira se ampliou. Hoje,
o negócio tem três unidades.
Até os 13, Salomea viveu
na Polônia, onde ganhou seu
apelido. Morou um tempo na
Itália antes de vir ao Brasil
em 1941, com a família.
Aqui, seu pai teve uma loja
que vendia peles. Seis anos
após chegar ao país, Lonka
se casou com Júlio, dono de
uma fábrica de camisas.
Foi dona de casa até os 60
anos, quando abriu a primeira unidade da Z-Deli na rua
Haddock Lobo. Enquanto
punha a mão na massa, as
sócias atendiam os clientes.
Para o filho Jorge, engenheiro que virou especialista
em vinhos e colunista do
"Valor Econômico", a mãe
achou na comida a forma de
expressar sua generosidade.
Ela mesma escolhia o que
os clientes iriam comer e, se
eles não quisessem sobremesa, servia-os mesmo assim.
Às cozinheiras ela ensinou
suas receitas de gefilte fish
(bolinho de peixe) e do strudel de maçã. Gostava que tudo saísse certo na cozinha.
Recentemente, descobriu
um câncer e optou por não
tratá-lo. Morreu no sábado,
aos 88 anos. Teve três filhos,
seis netos e uma bisneta.
coluna.obituario@uol.com.br
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