São Paulo, sexta-feira, 29 de outubro de 2010

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SALOMEA GOTTLIEB LUCKI (1922 - 2010)

A cozinha judaica de dona Lonka

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

A casa da polonesa Salomea Gottlieb Lucki, a dona Lonka, vivia cheia, e o motivo estava na cozinha. Na família e entre os amigos, ela ganhou fama de cozinheira excepcional graças a seus pratos de origem judaica.
No meio dos anos 70, após ficar viúva, Lonka ouviu da amiga Zenaide que aqueles dotes culinários deveriam ser mais bem aproveitados.
Em 1982, as duas se juntaram à amiga Rosa e criaram a Z-Deli, inspirada nas delicatessens nova-iorquinas.
Antes restrita, a fama da cozinheira se ampliou. Hoje, o negócio tem três unidades.
Até os 13, Salomea viveu na Polônia, onde ganhou seu apelido. Morou um tempo na Itália antes de vir ao Brasil em 1941, com a família.
Aqui, seu pai teve uma loja que vendia peles. Seis anos após chegar ao país, Lonka se casou com Júlio, dono de uma fábrica de camisas.
Foi dona de casa até os 60 anos, quando abriu a primeira unidade da Z-Deli na rua Haddock Lobo. Enquanto punha a mão na massa, as sócias atendiam os clientes.
Para o filho Jorge, engenheiro que virou especialista em vinhos e colunista do "Valor Econômico", a mãe achou na comida a forma de expressar sua generosidade.
Ela mesma escolhia o que os clientes iriam comer e, se eles não quisessem sobremesa, servia-os mesmo assim.
Às cozinheiras ela ensinou suas receitas de gefilte fish (bolinho de peixe) e do strudel de maçã. Gostava que tudo saísse certo na cozinha.
Recentemente, descobriu um câncer e optou por não tratá-lo. Morreu no sábado, aos 88 anos. Teve três filhos, seis netos e uma bisneta.

coluna.obituario@uol.com.br


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