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Estado recua e esvazia DPs da capital
Após reportagem sobre superlotação, Secretaria da Administração Penitenciária reviu regras para transferências
Excesso de presos
nas carceragens dos distritos persiste em cidades da Grande
São Paulo e no interior
Marlene Bergamo-9.jan.2008/Folhapress
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Vista aérea da delegacia feminina de Monte Mor (117 km de SP), que abrigava 119 presas em um espaço para 12 em 2008
AFONSO BENITES
ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO
As carceragens de 10 dos
93 distritos policiais da cidade de São Paulo que estavam
superlotadas com presos à
espera de transferência para
o sistema prisional estão sendo novamente esvaziadas
pelo governo estadual.
A retirada dos presos dos
DPs da capital começou na
segunda-feira, quando a Folha revelou a superlotação
nas carceragens vinculadas
à Polícia Civil, sobretudo no
63º DP (Vila Jacuí), onde estavam 111 presos em quatro
celas (com 20 vagas ao todo).
Apesar de o problema começar a ser resolvido, a superlotação de carceragens
ainda permanece na Grande
São Paulo e no interior do Estado, onde estão cerca de
8.500 homens e mulheres.
De acordo com policiais e
autoridades do Judiciário, a
superlotação era causada
por uma resolução de setembro da SAP (Secretaria da
Administração Penitenciária) para impedir a pronta
transferência, para suas unidades prisionais, de foragidos já condenados que foram recapturados ou presos
ao cometerem novo delito.
Ontem, a SAP reeditou a
resolução, que, segundo o
governo, gerava interpretação errada da transferência,
e esclareceu que vai evitar a
entrada de presos após as
16h e aos finais de semana.
Antonio Ferreira Pinto, secretário da Segurança Pública, afirmou ontem que "havia uma interpretação distorcida" da resolução da SAP
do mês passado, assinada
pelo secretário Lourival Gomes, e que por isso a regra foi
tornada mais clara agora.
A superlotação em DPs estava se tornando tão grave
que delegados elaboraram
documentos pedindo providências aos seus superiores.
Policiais disseram à Folha
que a ordem era para que
ninguém falasse sobre o problema até o fim das eleições,
no domingo -a desativação
de carceragens é bandeira
política do governador eleito
Geraldo Alckmin (PSDB).
A Folha apurou que os
DPs, onde cabem 200 presos,
abrigavam, até segunda-feira, 507. Até a mudança da resolução, ontem, a demora
média era de ao menos 20
dias para as transferências.
Com carceragens lotadas,
o temor dos policiais era o de
que houvesse tentativas de
fuga e rebeliões.
No 101º DP, com 77 presos,
essa preocupação quase se
concretizou. Houve tentativa
de resgate de um que passava mal na madrugada. O Grupo de Operações Especiais da
polícia interveio e conseguiu
evitar que ele fosse levado de
um pronto-socorro. Por isso,
ontem 63 foram transferidos.
No 33º DP e no 49º DP, havia tanto presos que parte deles passava dia e noite no pátio, ao relento. Ontem, eles
começaram a ser removidos.
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