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Obra coloca em debate a liberdade de expressão
DO PROGRAMA DE QUALIDADE
"Na cadeia, ninguém sabe a
moradia da verdade." O médico
Drauzio Varella costuma dizer
que essa frase o ajudou a entender
melhor a Casa de Detenção.
Em "Letras de Liberdade", as
histórias tratam de abusos e violências de diversas espécies. Não é
possível avaliar o quanto é real e o
quanto é invenção.
Luiz Antonio de Oliveira Campos, 46, que responde por assalto
a mão armada, homicídio e tráfico de drogas, condenado a 68
anos, faz uma descrição de forte
impacto da invasão da Penitenciária do Estado, em agosto de 87.
"Os PMs levaram Buldogue e
Zoreia até a galeria baixa, onde foram espancados e esfaqueados. A
seguir, os cães, excitados, acabaram de matá-los. Os dois presos
tiveram as cabeças arrancadas,
colocadas no carrinho e levadas
de presente para o diretor."
O detento diz que essa invasão (não confundir com o massacre da Casa de Detenção, em 1992)
"teve um resultado de, no mínimo, 100 mortos. Os números oficiais foram de 31 mortos".
O ex-governador Luiz Antonio Fleury Filho, então secretário
estadual da Segurança do governo Quércia, diz que "morreram
36 detentos e um carcereiro. Existe um registro de presos. Para
acontecer um caso desses, teria de
haver conivência do Judiciário, da
direção do presídio, dos presos e
da imprensa. É fantasia total".
O ex-ministro da Justiça José
Carlos Dias, elogiado no mesmo
texto, acha que, sejam 36 ou 100, o
que muda é a intensidade da
manchete. "A gravidade do fato
permanece a mesma, ou seja, a
desproporção da ação policial."
O editor Wagner Veneziani
acha que, verdade ou não, não cabe julgar. "Entrei nisso porque
não houve nenhuma censura."
Para Ives Gandra, não teria sentido estabelecer censura. "O fato de
não haver filtro é o melhor."
Procurado para comentar trechos do livro, o secretário da Segurança, Marco Vinicio Petrelluzzi, disse, por meio de sua assessoria, que prefere ter uma visão
completa da obra para depois
opinar.
(ECD)
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