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ADMINISTRAÇÃO
Empresa atrapalha pedestre e enfeia calçada por não aterrar postes, critica titular das Finanças do governo Serra
Eletropaulo deve dividir lucro, diz secretário
FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL
Na defesa pela cobrança de aluguel pelos postes instalados na cidade de São Paulo, o secretário
municipal das Finanças, Mauro
Ricardo Costa, ataca a AES Eletropaulo, a concessionária que fornece energia à capital paulista.
Diz que a estatal, que para ele
exerce um monopólio "perverso", deveria dividir seu lucro com
a comunidade pagando pelo uso
do espaço público. "Se [a Eletropaulo] não quiser pagar, que coloque fiação subterrânea."
O prefeito José Serra (PSDB) fixou em R$ 3,52 o aluguel mensal
por poste. A cobrança começa em
dezembro, e ele espera arrecadar
R$ 30 milhões por ano. A AES Eletropaulo, que, segundo a prefeitura, detém cerca de 90% dos 700
mil postes privados da cidade, será a mais afetada pela medida.
A polêmica começou quando a
estatal sinalizou que pretende repassar o custo para a conta de luz
-cada cliente pagaria de R$ 0,50
a R$ 0,60 a mais por mês. O reajuste só pode ocorrer com o aval
da Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica), que regula o setor -e ainda não analisou o caso.
Folha - Por que cobrar pelo uso do
espaço dos postes?
Mauro Ricardo Costa - É um projeto do vereador Wadih Mutran
(PP) com o qual a prefeitura concordou. Entendemos que cabe
um preço público pela utilização
de um espaço público, pois os
postes atrapalham a passagem de
pedestres e enfeiam as calçadas.
Folha - A Eletropaulo quer repassar o custo da cobrança ao consumidor. Na prática essa cobrança
não acabará sendo uma substituição da taxa do lixo e da contribuição pela iluminação pública?
Mauro Ricardo - Nossa preocupação não é de arrecadação. Esse
recurso não faz diferença no bolo
de arrecadação da prefeitura [R$
16 bilhões em 2006]. Além disso a
próxima revisão tarifária da fornecedora de energia elétrica será
em 2008 [a Aneel contesta essa informação]. E não é a Eletropaulo
quem decide se vai ou não repassar para a tarifa, é a Aneel. Nossa
expectativa é que a Eletropaulo
divida sua margem de lucro com
a comunidade, que é quem transita pelas calçadas cheias de postes
feios. Já há uma lei municipal estabelecendo a obrigatoriedade de
manter os fios embaixo da terra.
Se não quiser pagar o tributo, então coloque fios subterrâneos.
Folha - A direção da Aneel já sinalizou que a cobrança...
Mauro Ricardo - Também não é o
diretor da Aneel quem decide [o
repasse]. Há um colegiado. A população não será prejudicada.
Folha - Os municípios de Osasco e
Rio Claro já tentaram cobrança semelhante, mas a Justiça barrou...
Mauro Ricardo - Esse espaço público pertence à comunidade. Se
alguém usa, deve pagar pelo uso.
A tese tem fundamento jurídico.
Folha - Vocês estudaram a legislação nesses outros municípios?
Mauro Ricardo - Não. É importante deixar claro que não é uma
taxa. Uma taxa é compulsória, isto é, a pessoa tem que pagar independentemente de usar ou não o
serviço. Preço público, que é esse
caso, é diferente. Paga-se pelo uso.
Se passar os fios pelo subterrâneo,
não paga. Ninguém é obrigado a
ter banca de jornal ou barraca de
feira. Mas quem tem deve pagar.
Folha - Mas se a Eletropaulo conseguir repassar os custos para a
conta já no ano que vem...
Mauro Ricardo - A Eletropaulo
quer colocar a opinião pública
contra a prefeitura. É uma visão
de empresa monopolista, de que
qualquer aumento de custo se reflete na tarifa. Combateremos isso
mesmo que precisemos recorrer
ao Legislativo federal ou à Justiça.
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