São Paulo, terça-feira, 29 de novembro de 2005

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ADMINISTRAÇÃO

Empresa atrapalha pedestre e enfeia calçada por não aterrar postes, critica titular das Finanças do governo Serra

Eletropaulo deve dividir lucro, diz secretário

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

Na defesa pela cobrança de aluguel pelos postes instalados na cidade de São Paulo, o secretário municipal das Finanças, Mauro Ricardo Costa, ataca a AES Eletropaulo, a concessionária que fornece energia à capital paulista.
Diz que a estatal, que para ele exerce um monopólio "perverso", deveria dividir seu lucro com a comunidade pagando pelo uso do espaço público. "Se [a Eletropaulo] não quiser pagar, que coloque fiação subterrânea."
O prefeito José Serra (PSDB) fixou em R$ 3,52 o aluguel mensal por poste. A cobrança começa em dezembro, e ele espera arrecadar R$ 30 milhões por ano. A AES Eletropaulo, que, segundo a prefeitura, detém cerca de 90% dos 700 mil postes privados da cidade, será a mais afetada pela medida.
A polêmica começou quando a estatal sinalizou que pretende repassar o custo para a conta de luz -cada cliente pagaria de R$ 0,50 a R$ 0,60 a mais por mês. O reajuste só pode ocorrer com o aval da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), que regula o setor -e ainda não analisou o caso.
 

Folha - Por que cobrar pelo uso do espaço dos postes?
Mauro Ricardo Costa -
É um projeto do vereador Wadih Mutran (PP) com o qual a prefeitura concordou. Entendemos que cabe um preço público pela utilização de um espaço público, pois os postes atrapalham a passagem de pedestres e enfeiam as calçadas.

Folha - A Eletropaulo quer repassar o custo da cobrança ao consumidor. Na prática essa cobrança não acabará sendo uma substituição da taxa do lixo e da contribuição pela iluminação pública?
Mauro Ricardo -
Nossa preocupação não é de arrecadação. Esse recurso não faz diferença no bolo de arrecadação da prefeitura [R$ 16 bilhões em 2006]. Além disso a próxima revisão tarifária da fornecedora de energia elétrica será em 2008 [a Aneel contesta essa informação]. E não é a Eletropaulo quem decide se vai ou não repassar para a tarifa, é a Aneel. Nossa expectativa é que a Eletropaulo divida sua margem de lucro com a comunidade, que é quem transita pelas calçadas cheias de postes feios. Já há uma lei municipal estabelecendo a obrigatoriedade de manter os fios embaixo da terra. Se não quiser pagar o tributo, então coloque fios subterrâneos.

Folha - A direção da Aneel já sinalizou que a cobrança...
Mauro Ricardo -
Também não é o diretor da Aneel quem decide [o repasse]. Há um colegiado. A população não será prejudicada.

Folha - Os municípios de Osasco e Rio Claro já tentaram cobrança semelhante, mas a Justiça barrou...
Mauro Ricardo -
Esse espaço público pertence à comunidade. Se alguém usa, deve pagar pelo uso. A tese tem fundamento jurídico.

Folha - Vocês estudaram a legislação nesses outros municípios?
Mauro Ricardo -
Não. É importante deixar claro que não é uma taxa. Uma taxa é compulsória, isto é, a pessoa tem que pagar independentemente de usar ou não o serviço. Preço público, que é esse caso, é diferente. Paga-se pelo uso. Se passar os fios pelo subterrâneo, não paga. Ninguém é obrigado a ter banca de jornal ou barraca de feira. Mas quem tem deve pagar.

Folha - Mas se a Eletropaulo conseguir repassar os custos para a conta já no ano que vem...
Mauro Ricardo -
A Eletropaulo quer colocar a opinião pública contra a prefeitura. É uma visão de empresa monopolista, de que qualquer aumento de custo se reflete na tarifa. Combateremos isso mesmo que precisemos recorrer ao Legislativo federal ou à Justiça.


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