São Paulo, terça-feira, 29 de novembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ÁLCOOL EM XEQUE

Quase metade dos entrevistados associa bebida a problemas em casa

96% querem restrição a anúncio

LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Estudo preliminar divulgado pela Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) aponta que o consumo de bebidas alcoólicas, considerado alto no país, acarreta, na maioria dos casos, problemas familiares ou conjugais, além de fazer com que muitos dirijam sob o efeito de álcool.
Os dados foram apresentados na abertura da 1ª Conferência Pan-Americana de Políticas Públicas sobre o Álcool, que acontece até amanhã em Brasília e reúne especialistas de 20 países.
Com em 200 entrevistas feitas na Grande São Paulo, constatou-se que 63% consumiram algum tipo de bebida alcoólica no último ano e 45% disseram que problemas familiares ou conjugais estavam relacionados ao hábito de beber de um parente.
Outros 31% afirmaram ter sido insultados por alguém que estava sob o efeito do álcool, e 28% já estiveram em veículo dirigido por pessoa alcoolizada.
A pesquisa, feita em parceria com a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), tem o objetivo de traçar pela primeira vez o padrão de consumo de bebidas alcoólicas no país. Foram 3.000 entrevistas feitas em 143 cidades desde setembro.
O levantamento aponta a possibilidade de estar caindo a idade em que as pessoas começam a beber. Adolescentes disseram ter começado a beber aos 14 anos, enquanto os adultos com mais de 40 anos afirmaram ter iniciado após os 20 anos.
Além disso, 87% dos entrevistados concordam que deve haver tratamento para os usuários de álcool. Outros 54% são a favor de mais impostos sobre a bebida, e 96% apóiam restrições à propaganda do álcool.
Recentemente, Agência Nacional de Vigilância Sanitária colocou em consulta pública proposta com novas regras para aumentar o controle sobre a publicidade de bebidas alcoólicas.
Outra pesquisa, com 1.200 alunos de uma universidade privada da região Sul, corrobora os resultados: 77% abusam da bebida, tomando cinco ou mais doses. E apresentam comportamento considerado de risco, como dirigir sem cinto de segurança e não usar preservativo.
Usando dados de levantamentos recentes e já divulgados, o ministro Jorge Armando Félix (Segurança Institucional) disse que o álcool, além de ser a droga mais consumida no Brasil, tem o maior índice de dependência. Há, segundo ele, 19 milhões de dependentes de álcool no país.
No final do evento, promovido pelo governo e pela Organização Pan-Americana da Saúde, será apresentada resolução com diretrizes para reduzir o consumo de álcool nas Américas.


Texto Anterior: Outro lado: Empresa não comenta crítica da gestão Serra
Próximo Texto: Saúde: Grupo acusado de fraudar licitações em hospital do Rio é denunciado
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.