São Paulo, terça-feira, 29 de novembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FILA DE ESPERA

Intenção é aumentar rotatividade; medida vigora a partir de 5ª

Mercadão de SP será zona azul no estacionamento

Fernando Donasci/Folha Imagem
Estacionamento do Mercadão com sinalização de vagas para o início da cobrança da zona azul


AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL

O estacionamento do Mercado Municipal Cantareira, o Mercadão, no centro, não será mais gratuito a partir de quinta-feira, com a implantação da zona azul.
Isso significa que os motoristas só poderão deixar seus carros no local durante duas horas e mediante o uso de cartões de zona azul, inclusive aos domingos. Cada cartão custa R$ 1,80 e dá direito a uma hora de estacionamento.
A mudança foi pedida à prefeitura pela Renome, associação dos comerciantes do Mercadão, e busca resolver um problema cada vez mais comum: a ocupação das vagas por pessoas que trabalham ou fazem compras na região da rua 25 de Março e deixam o carro o dia todo no mercado.
O local recebe cerca de 15 mil pessoas por dia, seja para fazer compras em um dos quase 300 quiosques, admirar a arquitetura do prédio ou visitar os oito restaurantes. Em dezembro, o número deve chegar a 20 mil.
"Entregamos um cupom e avisamos que o estacionamento é de duas horas, mas as pessoas abusam. Soubemos até de um dono de estacionamento que deixava o carro aqui. Quando a gente percebia algum abuso, só podia falar. As pessoas saíam rindo", diz José Carlos Lopes, 35, presidente da Renome. "Com a zona azul, teremos uma rotatividade maior."
Hoje, quem estaciona no local recebe um cupom (em que é marcada a hora da entrada), que deve ser entregue na saída com o carimbo de algum estabelecimento do mercado. "No fim do dia, um monte de gente com cupom das 8h vem aqui comprar um copo d'água só para ganhar o carimbo", conta Rogério Rodolpho, 47, que tem uma pastelaria no local.
Ontem, a CET começou a instalar a nova sinalização no local. A zona azul vigorará todos os dias, das 6h às 18h. A multa por não usar o cartão ou ultrapassar o prazo de duas horas é de R$ 53,20. À noite, o estacionamento continuará gratuito.
Com a reorganização do espaço pela CET, foi possível somar 12 vagas às 177 atuais. Mas as novas vagas e a esperada rotatividade não resolverão o problema de estacionamento no local. Para atender à demanda, são necessárias mil vagas, diz Lopes.
A medida dividiu clientes do mercado. Creusa Maria Teixeira Machado, 50, que já chegou a esperar duas horas por uma vaga, aprova. "Às vezes venho, estaciono, faço minhas compras, almoço e, quando vou embora, todos os carros perto do meu continuam os mesmos de quando eu cheguei." Ontem, ela precisou estacionar num local privado, a R$ 9 pela primeira hora.
Já o vendedor Rodrigo Donato, 28, considera a mudança injusta. "Não fizeram nenhuma melhoria que justifique a cobrança." A solução ideal, para ele, seria "definir um tempo máximo [de permanência] e aplicar multas a quem ultrapassasse, sem fazer todo mundo pagar zona azul".
Para a auxiliar de enfermagem Francisca Maria dos Santos, 50, o principal problema é o limite de tempo imposto pela zona azul. "Duas horas é o tempo que eu gasto na fila do pastel."
Segundo o presidente da Renome, o Mercadão contava com um serviço terceirizado de estacionamento, que foi suspenso durante a reforma do prédio. "Pedimos à prefeitura que as vagas fossem gratuitas, pois isso seria melhor para nossos clientes e que, se fosse privado, que parte da verba viesse para a manutenção do mercado, mas isso não foi possível", diz.


Texto Anterior: Saúde: Grupo acusado de fraudar licitações em hospital do Rio é denunciado
Próximo Texto: Saiba mais: Prédio, de 1933, ampliou horário e ganhou mezanino
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.