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SC tenta evitar abandono de abrigos
Defesa Civil diz que desafio é evitar que vítimas das chuvas retornem para as casas em área de risco
Em Ilhota, uma das cidades
mais afetadas, ao menos 600
pessoas que estavam em
abrigos já voltaram para
casa, diz bombeiro voluntário
MATHEUS PICHONELLI
PABLO SOLANO
GUSTAVO HENNEMANN
DA AGÊNCIA FOLHA
Uma semana depois de o início dos temporais que arrasaram parte de Santa Catarina,
o desafio das autoridades agora
é evitar que as vítimas das chuvas abandonem abrigos e voltem para as casas onde há riscos de novos desabamentos. A
tensão e a ansiedade nos abrigos, de acordo com a Defesa Civil catarinense, são "grandes".
"É muito difícil você convencer as pessoas de que há perigo
em retornar. Elas querem conforto, e nos abrigos a privacidade é zero. No terceiro dia, elas já
não suportam", relata o gerente
estadual da Defesa Civil, Emerson Neri Emerim.
"Se viramos as costas, as pessoas deixam os abrigos. E aí você tem que voltar às casas e trazê-las de volta. É trabalho redobrado, que envolve psicólogos e
assistentes sociais", afirma ele.
Muitos ainda se negam a deixar suas casas, mesmo sob o risco de novos deslizamentos -e a
Polícia Militar foi autorizada a
usar a força para retirar um
grupo de moradores de um local de risco em Ilhota, onde foi
dada ordem de evacuação.
Ontem foi confirmada a 100ª
morte por causa das chuvas.
Dezenove pessoas estavam ainda desaparecidas. Segundo
Emerim, havia informações de
que outras quatro pessoas morreram em deslizamento ontem
na área a ser evacuada em Ilhota. As mortes, porém, ainda não
haviam sido contabilizadas oficialmente até as 19h30.
Segundo Pedro Paulo Baptista Neto, bombeiro voluntário
em Ilhota, pelo menos 600 pessoas que estavam em abrigos na
cidade já voltaram para casa.
Em Gaspar, a Defesa Civil
municipal tem encaminhado
termos de responsabilidade
nas residências em áreas de risco para moradores que resistem a sair. Em muitos casos,
afirma o diretor do órgão em
Gaspar, Luiz Mário da Silva, o
pai decide permanecer na casa
para evitar furtos e apenas mulher e filhos vão para abrigos.
O medo de que ocorram casos de furtos ou saques levou a
Polícia Militar a reforçar o patrulhamento nas áreas atingidas, onde a circulação, à noite, é
restrita. Até ontem à tarde, três
pessoas foram detidas por circularem pelas ruas de Itajaí depois das 22h -um deles era foragido e tinha ordem de prisão
por roubo. Os outros dois já foram liberados.
O número de desabrigados
em SC é de 27.410 pessoas. Na
terça, eram mais de 33 mil.
Para Emerim, o número de
desabrigados é menor porque
casas atingidas só por enchentes já não representam perigo, e
muitos já podem voltar.
Em Balneário Camboriu e
Nova Trento os abrigos já foram desativados. Em Blumenau, onde há riscos de deslizamentos, a volta para casa ainda
deve demorar alguns dias. O governo catarinense alertou ontem a população local para riscos de novos deslizamentos.
Ainda segundo o major, uma
psicóloga da Defesa Civil de
Brasília deve chegar amanhã ao
Estado para ajudar a atender os
desabrigados. "É o que chamamos de psicologia da tragédia."
Novos temporais estão previstos para o Estado a partir de
segunda-feira, após tempo instável no fim de semana.
Ontem, a Fiesc (Federação
das Indústrias de SC) divulgou
estimativa de o Vale do Itajaí
tenha perdas de R$ 358,3 milhões por semana parada -o
que não inclui danos à infra-estrutura, casas e indústrias.
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