São Paulo, segunda-feira, 29 de novembro de 2010

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Zona sul festeja ocupação, mas teme ação na Rocinha

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

O domingo foi de sol e 30C no Rio de Janeiro e os cariocas comemoraram a ocupação do conjunto de favelas do Complexo do Alemão pela polícia do jeito de que mais gostam, na praia.
Nas areias lotadas de Copacabana, Ipanema e Leblon, na zona sul, a preocupação agora é que o conflito chegue à Rocinha.
A maior favela da cidade -e também a mais lucrativa para o tráfico- fica bem no meio do caminho entre a zona sul e o bairro de classe média da Barra da Tijuca, na zona oeste, e em frente à praia de São Conrado.
"O aplauso para o pôr do sol hoje vai ser dedicado aos policiais que subiram o morro. O Rio ganhou um novo bairro, até a semana passada a região da Penha não pertencia à cidade", afirma a psicóloga Rosana Pimentel.
"Uma coisa é a Vila Cruzeiro e o Alemão, no meio da pobreza. Na zona sul, o cartão postal do Rio e do Brasil, a coisa é diferente e muito mais complicada. Uma ação na Rocinha isolaria vários bairros", diz o comerciante Júlio Cesar Meneses.
"Foi um sopro de autoestima, achávamos que estava tudo perdido, que não tinha mais jeito", afirma a professora Jussara Freire.

ESTOQUE DE COMIDA
Na Rocinha, moradores dizem viver um clima de apreensão com a possibilidade de a favela ser ocupada pela polícia e com os boatos de que Fabiano Atanazio da Silva, o FB, antigo chefe do tráfico da Vila Cruzeiro, tomada na semana passada, teria se refugiado por lá.
A ida de FB para a Rocinha é investigada pela polícia.
Vizinhos dizem que já se prepararam para um conflito no morro com estoques de comida e de água.
"Compramos até velas. A primeira coisa que vão cortar é o fornecimento de energia", diz a manicure Janeide Silva. Ainda segundo os moradores da Rocinha, um carro de som da associação do bairro tem circulado nos últimos dias pedindo calma e que as pessoas mantenham a rotina porque não haveria incursões policiais como na zona norte naquela área.


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