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SAIA JUSTA
Mulher vence pudor
e adota pornografia
ANTONINA LEMOS
da Reportagem Local
A agente de turismo Miriam Moreira, 45, adora assistir filmes eróticos. Quando viaja para o exterior, sempre frequenta clubes com
shows de homens nus. Ela também se interessa por revistas com
homens sem roupa e reclama da
falta de uma publicação desse tipo
no Brasil.
Assim como ela, outras mulheres quebram o mito de que a mulher não se excita visualmente e
que sentir desejo ao ver um corpo
nu ou cenas de sexo é coisa exclusiva dos homens.
Segundo o psicanalista Oswaldo
Rodrigues Jr., do Instituto Paulista
de Sexualidade, a mulher está assumindo um impulso que já sentia. "O que acontecia era que havia uma visão estereotipada de que
só os homens se excitavam com
estímulos externos. E as mulheres
não tinham coragem de assumir
que sentiam esse desejo", diz.
Segundo ele, a situação está mudando. "Hoje as mulheres se sentem menos em conflito por terem
esse tipo de excitação sexual." Miriam é uma prova disso. Ela conta
que tem uma coleção de filmes.
"É ótimo, ajuda você a se excitar
e se preparar para a relação sexual", diz ela, que, além de assistir aos filmes com o marido, também gosta de assisti-los sozinha.
Ela também gosta de vibradores e
de outros produtos de sex shop.
A escritora Gisela Rao, autora do
livro "Sex Shop", concorda. Ela
diz pensar em erotismo "em 80%
do tempo" e coleciona vários produtos eróticos e filmes pornográficos. "Gosto de pornografia desde
pequena, comecei vendo os livros
do Carlos Zéfiro (autor de quadrinhos eróticos dos anos 60) do meu
irmão", diz Gisela.
Gisela conta que seu interesse
por pornografia assusta alguns
homens. "Existem os que se assustam e os que querem é entrar
na roda. Prefiro os que curtem."
Mas, mesmo assumindo a preferência pela pornografia, as mulheres continuam tentando extrair
um "algo mais" das imagens de
sexo. "Prefiro coisas que envolvam história, não gosto muito de
pornô na lata. As mulheres gostam
de histórias em que elas se envolvam", diz a escritora.
Segundo o sexólogo Claudio Picazo, "os homens se excitam vendo as partes do corpo, já as mulheres, vendo o todo".
A fotógrafa Marina (o nome é
fictício), 29, que também "adora" pornografia, não exige tanto
enredo, mas faz sua censura.
"Não gosto de bate-papo em filme
pornô, mas também não vejo cenas de sexo ginecológico, aquela
coisa explícita. O bom é fantasiar e
se colocar no lugar da mulher."
A artista plástica Márcia (o nome
é fictício), 30, descobriu a pornografia na Internet. "Visito muito
os sites pornográficos e também
acho legal as revistas gays", diz.
O sexólogo Claudio Picazo explica que sempre existiu o mito de
que as mulheres associavam o sexo ao romance. "Hoje elas estão
assumindo que também gostam
do sexo pelo sexo", diz.
Uma prova disso é o aumento da
procura por produtos eróticos pelas mulheres. A loja Diandra, em
São Paulo, uma butique erótica de
luxo, descobriu aí um bom filão.
Criada há quatro anos, a loja começou atendendo principalmente
homens. Hoje, entre os seus clientes, 95% são mulheres.
Eles vendem produtos eróticos
para cerca de 15 mil mulheres em
todo o Brasil. "As mulheres
aprenderam a pensar nelas mesmas, no próprio prazer", diz Carla Tognazi, dona da loja.
Ela mesma assume que gosta.
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