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ACIDENTE
Vítimas eram mulheres, crianças e adolescentes; duas garotas, de 10 e 13 anos, estão em estado grave
Seis morrem em desabamento em Olinda
FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Olinda
Seis pessoas morreram e dez ficaram feridas em consequência
do desabamento de um prédio de
quatro pavimentos ocorrido no
final da tarde de anteontem, em
Olinda, no Grande Recife (PE).
Até o final da tarde de ontem, as
equipes de resgate ainda procuravam sob os escombros a professora Josilda Leite Matias Delgado.
Cerca de 50 homens da Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e Polícia
Militar vasculhavam o local.
O desabamento foi o segundo
ocorrido em menos de dois meses
no mesmo bairro -Jardim Fragoso, de classe média baixa. Em
novembro, quatro pessoas morreram na queda do edifício Éricka, localizado a 600 m de onde
ocorreu o acidente de anteontem.
O prédio, erguido há quase nove
anos, fazia parte do conjunto residencial "Enseada de Serrambi",
formado por dois blocos com 24
apartamentos no total. O bloco B,
que desmoronou, tinha oito.
Das 27 pessoas que moravam
no bloco, 14 estavam em casa no
momento do acidente, segundo a
Defesa Civil. Outras três pessoas
visitavam amigos no local. Mulheres, crianças e adolescentes foram maioria entre as vítimas. Só
dois homens estavam no prédio.
O desmoronamento ocorreu às
17h10 e as causas ainda são indeterminadas. Segundo testemunhas, o edifício inclinou para um
dos lados e ruiu sobre sua base.
"Foi tudo muito rápido, só ouvi
aquela zoada e a poeira levantando", disse o comerciante Manoel
Feliciano de Medeiros Júnior, 39,
primeiro a chegar ao local.
Medeiros Júnior ajudou a resgatar quatro moradores, entre eles a
estudante Kaiane Carneiro Gomes, 10, que teve uma das pernas
amputadas e continua internada
na UTI do Hospital da Restauração, em Recife, em estado grave.
Além dela, também permanece
em estado grave a adolescente Camila da Fonseca, 13, que sofreu
politraumatismo. Das dez pessoas hospitalizadas, apenas três
haviam recebido alta até ontem.
O trabalho das equipes de resgate começou cerca de meia-hora
após o acidente. As primeiras
mortes, porém, só foram confirmadas na madrugada de ontem.
Às 2h, três corpos de uma mesma
família foram encontrados.
As vítimas, Nadja Maria da Silva
Queiróz, 28, sua filha Manoela
Cristina, de 4 meses, e a tia do bebê Andréa Maria da Silva, 21, estavam próximos um do outro, sob
lajes de concreto.
A outra filha de Nadja, Gabriela
Cristina, 4, foi encontrada com vida no início da manhã, mas morreu à tarde, no hospital Prontolinda, cerca de uma hora após ser retirada dos escombros, em uma
operação de resgate que durou
cerca de sete horas.
As outras duas vítimas fatais foram Joana Paula Azevedo, 17, e
seu amigo Roberto Godói Sabóia,
16, parente de um dos sócios da
Conipa, empresa responsável pela
construção do prédio.
Em entrevista coletiva, um dos
sócios da construtora, Francisco
Godói, disse ontem que desconhecia as causas do desabamento
e que estava, "graças a Deus, com
a consciência tranquila".
O presidente eleito do Crea
(Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura) de Pernambuco, Telga de Araújo Filho, visitou
o local do acidente e afirmou que
não havia ainda como definir as
causas do desabamento.
"Qualquer pronunciamento,
hoje, seria leviano", afirmou. Segundo ele, a construção do prédio
passou por todos os trâmites legais, "incluindo a sondagem do
solo, que define os cuidados a serem tomados na obra".
Araújo Filho participou de uma
reunião com representantes da
Prefeitura de Olinda, da Defesa
Civil e da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), onde foram traçadas estratégias para melhorar a fiscalização dos prédios
erguidos na cidade.
Segundo o presidente do Crea,
técnicos realizarão um levantamento dos edifícios do tipo "caixão" construídos em Olinda, a
partir do Jardim Fragoso, onde
ocorreram os acidentes. Os prédios desse tipo não possuem área
aberta embaixo. O térreo já é formado por apartamentos.
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