São Paulo, Quarta-feira, 29 de Dezembro de 1999


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FRAUDE
Estudantes pagavam até R$ 25 mil para assegurar vaga
PF descobre dublês de vestibulandos

JAIRO MARQUES
da Agência Folha

Uma quadrilha acusada de promover fraudes em vestibulares usando "dublês" (pessoas bem-preparadas que faziam as provas no lugar dos verdadeiros candidatos) está sendo desmantelada pela Polícia Federal.
De acordo com a polícia, o grupo estaria atuando em dez Estados há pelo menos dois anos. As investigações estão concentradas em Pernambuco, onde foi preso Francisco Alves Godin, 37, acusado de ser o líder da quadrilha.
Ele foi delatado por um dos "dublês", George Evandro Barreto Medeiros, que prestou vestibular na Universidade Federal de Pernambuco.
A universidade suspeitou de Medeiros, que tirou uma nota considerada muito alta no exame, e pediu ajuda à Polícia Federal para investigar o caso. O dublê prestou a prova no lugar de um candidato à carreira de ciências biomédicas. O nome do vestibulando não foi revelado.
Godin seria o responsável pela contratação dos "dublês" e também pelos contatos com os estudantes. A PF apreendeu em sua casa 81 carteiras de identidades falsas, passagens aéreas e disquetes de computador.
Segundo a polícia, a quadrilha cobrava de R$ 18 mil a R$ 25 mil para que o "dublê" fizesse a prova no lugar do verdadeiro candidato. O preço variava de acordo com o curso desejado e com a instituição escolhida.
Os candidatos abriam contas conjuntas com membros da quadrilha e faziam os depósitos no valor combinado, segundo apurou a PF.
Sete pessoas acusadas de contratar a quadrilha foram descobertas por meio das identidades apreendidas. Elas estavam se candidatando para o curso de medicina da Universidade Federal da Paraíba.
Os "dublês" não chegaram a fazer as provas, mas, mesmo assim, os estudantes foram indiciados.

Procurados
Além da Paraíba e de Pernambuco, a quadrilha também agia em Alagoas, Bahia, Ceará, Pará, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e em São Paulo.
Oito "dublês" que fariam parte do esquema estão sendo procurados pela polícia. Eles foram selecionados a partir da relação dos candidatos aprovados em vestibulares.
A PF ainda não chegou a nomes de pessoas que já estão na universidade tendo ingressado por meio da ação dos "dublês".
A Agência Folha não conseguiu localizar ontem o advogado de Francisco Alves Godin.


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