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Em Maceió, preso passa 15 dias acorrentado a corrimão
O detento, que, segundo a polícia, é doente mental, sofria ameaça dos colegas de cela
Segundo delegada, houve
dificuldade em achar outra
vaga; crise de segurança em
Alagoas fez Justiça proibir
transferência de presos
MATHEUS PICHONELLI
DA AGÊNCIA FOLHA
Um detento de 19 anos suspeito de furtar uma lixadeira e
que, segundo a polícia, é deficiente mental, passou cerca de
15 dias fora da cela, acorrentado ao corrimão de uma delegacia em Maceió (AL).
A delegada do 3º Distrito Policial de Maceió, Maria Aparecida Araújo, diz que, se não
acorrentasse fora da cela Edvaldo Ferreira, apelidado de
"Zoado", ele seria linchado.
"O menino não era bom da
cabeça e não gostava de tomar
banho. Os outros provocavam.
Aí ele começava a gritar", diz.
Ferreira foi transferido para
outra delegacia anteontem à
noite. Segundo a delegada, a demora ocorreu porque foi difícil
encontrar distrito policial onde
houvesse uma cela só para ele.
Desde agosto, os policiais civis do Estado estão em greve. A
crise se agrava com superlotações e constantes rebeliões, o
que levou a Justiça a proibir a
transferência de presos. No 3º
DP, onde estava Ferreira, 15 dividem uma cela. Na falta de espaço, um dos banheiros abriga
ao menos quatro à noite.
Segundo a polícia, o rapaz colecionava brigas com os 15
companheiros de cela porque,
para os presos, ele era muito
"cagüeta" (delator) e não tomava banho. Dessa forma, quando
havia briga, era retirado da cela
e acorrentado no corrimão em
frente à sala da delegada.
Para a delegada, a transferência do detento para outra
delegacia seria mais rápida do
que tentar provar a insanidade
mental de Ferreira e, assim,
conseguir, com autorização da
Justiça, vaga no manicômio.
A Folha procurou o diretor
da Polícia Civil no Estado, Carlos Reis, mas não foi atendida.
O presidente da secional da
OAB (Ordem dos Advogados
do Brasil) no Estado, Omar
Mello, diz que pediu à comissão de direitos humanos da entidade a apuração do caso.
Em dezembro, com a cela da
cadeia superlotada, uma mulher e um adolescente de 17
anos foram acorrentados a pilares do lado de fora da delegacia de Palhoça (Grande Florianópolis) e mantidos com outros quatro detentos, também
acorrentados, por quase um
dia. Manter presos acorrentados era uma situação recorrente na delegacia, segundo a própria responsável pela unidade,
a delegada Andréa Pacheco.
Colaborou FERNANDA CRANCIANINOV ,
da Redação
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