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1 em 3 docentes da rede privada deixaria profissão, diz pesquisa
Índice engloba do ensino infantil ao superior na cidade de São Paulo; principais motivos são salários baixos e desgaste emocional
Estudo do sindicato de professores da rede privada constatou que no ensino fundamental 44,7% deles querem mudar de profissão
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar de atuarem em uma
rede de ensino considerada valorizada, 34,6% (um em cada
três) dos professores das escolas privadas da cidade de São
Paulo afirmam que mudariam
de profissão se pudessem.
O percentual refere-se ao total do sistema privado, do infantil ao superior. No ensino
fundamental, o percentual chega a 44,7% (quase a metade).
O dado está presente em pesquisa feita pelo Sinpro-SP (sindicato dos professores da rede
particular da capital paulista),
com 379 docentes da rede (cerca de 1% do total). A amostra foi
construída para representar estatisticamente todo o sistema
particular da cidade.
O trabalho identificou ainda
o porquê de os docentes terem
interesse em mudar: 59,7%
apontaram desejo por aumento
salarial e 31,8% para terem menos desgaste emocional.
"Embora a rede privada seja
bem avaliada, ela tem uma diversidade grande. Existem escolas boas; outras, não", afirmou a coordenadora da pesquisa, Maria Sofia de Aragão.
"Há ainda a imagem desgastada e desvalorizada do professor, que vem sendo disseminada há algum tempo e também
atinge a rede privada", disse.
Professora de matemática de
um tradicional colégio paulistano, onde a mensalidade do
ensino fundamental passa dos
R$ 1.000, Ana (nome fictício),
30, afirma que uma característica do sistema privado agrava a
situação desses professores.
"A escola não quer perder o
cliente. Por isso, é normal a direção entrar no conselho de
classe e dizer para passar os
alunos de ano, senão eles podem mudar de colégio", conta.
"É desgastante, nosso trabalho
fica desrespeitado. E os que discordam são convidados a passar no RH", relata.
Pais
O estudo afirma que o percentual de professores que desejam mudar de profissão é
maior no ensino fundamental
porque é a etapa em que há
mais pressão dos pais. A conclusão tem como base a análise
qualitativa das entrevistas.
"Os professores do ensino
fundamental sintomaticamente fazem maior número de referência à mercantilização do ensino e à influência que os pais
exercem sobre a escola, resultando em interferência e pressão sobre o trabalho do professor", diz a pesquisa.
Professor de história do ensino fundamental e médio, Marcelo Rito, 36, afirma que a pressão dos pais aparece principalmente quando o estudante fica
com notas baixas. "Muitos vêm
cobrar. Outros me perguntam:
"O que faço com esse menino?".
Se o pai não sabe, como o professor vai saber?"
A pesquisa também retratou
a perspectiva dos professores
para os próximos dez anos da
educação. Entre os docentes da
educação básica, as respostas
mais citadas foram "será mais
desvalorizada (23%)", "será
mais valorizada" (21%) e "depende de vários fatores" (33%).
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