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Viga mal fixada causou queda no Rodoanel
Laudo do IPT aponta três erros na execução da obra, realizada pelas empreiteiras OAS, Mendes Júnior e Carioca
Ex-presidente da Dersa diz que também houve falha na fiscalização, realizada por empresa contratada pela Dersa por R$ 25 milhões
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O acidente que ocorreu na
obra de um viaduto em construção no Rodoanel, que desabou sobre a rodovia Régis Bittencourt (BR-116) em 13 de novembro, foi provocado por falhas na fixação das vigas, concluiu laudo do IPT (Instituto de
Pesquisas Tecnológicas).
Conforme adiantou ontem a
Folha na coluna Painel, houve
erros de execução na obra. As
vigas foram dispostas sobre
uma base com defeitos -não
estava em uma posição totalmente horizontal- e não havia
um sistema para travar as vigas, caso elas deslizassem, como acabou ocorrendo.
A queda das três vigas atingiu
três veículos -três pessoas ficaram feridas. As vigas, de 85
toneladas e 40 metros de extensão cada, caíram de uma altura de 20 metros sobre a via.
Houve, conforme nota divulgada ontem pela Secretaria dos
Transportes, três falhas que levaram ao acidente na obra, executada pelo consórcio formado
pelas empreiteiras OAS, Mendes Júnior e Carioca.
Para o engenheiro Luiz Célio
Bottura, ex-presidente da Dersa, faltou fiscalização. "Quem
me conhece sabe que não sou
amigo de empreiteira, mas
houve falha no controle de geometria da obra. O fiscal deveria
ter visto. A fiscalização não foi
eficiente", disse.
O trecho sul do Rodoanel
tem o custo estimado em R$ 5
bilhões (incluindo desapropriações) e deve ser inaugurado em março como uma das
principais vitrines do governador José Serra (PSDB), pré-candidato à Presidência.
Na nota, o governo não faz
nenhuma menção ao consórcio
responsável pela obra nem sobre eventuais falhas na fiscalização contratada pela Dersa
(empresa do Estado), ao custo
de R$ 25 milhões. Segundo a
nota, ocorreu o seguinte: as vigas foram colocadas sobre uma
superfície não horizontal, ou
seja, poderiam deslizar. Também deveria haver nessa superfície de concreto uma rugosidade -que garante o atrito-
para evitar que houvesse deslizamento. E a terceira: falha na
fixação das vigas.
Laudo do Instituto de Criminalística concluído ontem também chegou às mesmas causas.
Quatro dias após o acidente, o
Crea-SP (Conselho Regional de
Engenharia e Arquitetura) já
suspeitava de erros na obra por
não ter sido adotado o procedimento que permitiria a amarração da estrutura -o que assegura o travamento adequado. O
Crea não quis falar ontem.
O IPT conclui ainda que será
necessário melhorar a qualidade da base e implantar sistemas
de travamento provisórios -o
que faltou nas vigas que caíram.
A secretaria diz que serão tomadas as providências indicadas pelo IPT, que passará a
acompanhar os testes que serão
feitos para verificar a qualidade
das novas estruturas, como
pontes e viadutos. Também diz
que serão apuradas as responsabilidades das empreiteiras e
de funcionários do governo.
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