São Paulo, terça-feira, 29 de dezembro de 2009

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Viga mal fixada causou queda no Rodoanel

Laudo do IPT aponta três erros na execução da obra, realizada pelas empreiteiras OAS, Mendes Júnior e Carioca

Ex-presidente da Dersa diz que também houve falha na fiscalização, realizada por empresa contratada pela Dersa por R$ 25 milhões

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O acidente que ocorreu na obra de um viaduto em construção no Rodoanel, que desabou sobre a rodovia Régis Bittencourt (BR-116) em 13 de novembro, foi provocado por falhas na fixação das vigas, concluiu laudo do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas).
Conforme adiantou ontem a Folha na coluna Painel, houve erros de execução na obra. As vigas foram dispostas sobre uma base com defeitos -não estava em uma posição totalmente horizontal- e não havia um sistema para travar as vigas, caso elas deslizassem, como acabou ocorrendo.
A queda das três vigas atingiu três veículos -três pessoas ficaram feridas. As vigas, de 85 toneladas e 40 metros de extensão cada, caíram de uma altura de 20 metros sobre a via.
Houve, conforme nota divulgada ontem pela Secretaria dos Transportes, três falhas que levaram ao acidente na obra, executada pelo consórcio formado pelas empreiteiras OAS, Mendes Júnior e Carioca.
Para o engenheiro Luiz Célio Bottura, ex-presidente da Dersa, faltou fiscalização. "Quem me conhece sabe que não sou amigo de empreiteira, mas houve falha no controle de geometria da obra. O fiscal deveria ter visto. A fiscalização não foi eficiente", disse.
O trecho sul do Rodoanel tem o custo estimado em R$ 5 bilhões (incluindo desapropriações) e deve ser inaugurado em março como uma das principais vitrines do governador José Serra (PSDB), pré-candidato à Presidência.
Na nota, o governo não faz nenhuma menção ao consórcio responsável pela obra nem sobre eventuais falhas na fiscalização contratada pela Dersa (empresa do Estado), ao custo de R$ 25 milhões. Segundo a nota, ocorreu o seguinte: as vigas foram colocadas sobre uma superfície não horizontal, ou seja, poderiam deslizar. Também deveria haver nessa superfície de concreto uma rugosidade -que garante o atrito- para evitar que houvesse deslizamento. E a terceira: falha na fixação das vigas.
Laudo do Instituto de Criminalística concluído ontem também chegou às mesmas causas.
Quatro dias após o acidente, o Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura) já suspeitava de erros na obra por não ter sido adotado o procedimento que permitiria a amarração da estrutura -o que assegura o travamento adequado. O Crea não quis falar ontem.
O IPT conclui ainda que será necessário melhorar a qualidade da base e implantar sistemas de travamento provisórios -o que faltou nas vigas que caíram.
A secretaria diz que serão tomadas as providências indicadas pelo IPT, que passará a acompanhar os testes que serão feitos para verificar a qualidade das novas estruturas, como pontes e viadutos. Também diz que serão apuradas as responsabilidades das empreiteiras e de funcionários do governo.


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