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TRANSPORTES
Dormentes foram colocados na linha que leva ao centro de São Paulo; cinco pessoas tiveram ferimentos leves
Vandalismo causa descarrilamento de trem
ISABELLE MOREIRA LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois dormentes (peças de madeira) colocados antes de um aparelho de mudança de via provocaram o descarrilamento de um
trem na manhã de ontem, na cidade de São Paulo.
Dois vagões do veículo, que
transportava 2.400 passageiros
em direção ao centro, na linha B
(oeste) da CPTM (Companhia
Paulista de Trens Metropolitanos), saiu dos trilhos a 500 m da
estação Imperatriz Leopoldina
(zona oeste), às 4h55.
Cinco pessoas tiveram ferimentos leves e foram levadas para o
pronto-socorro da Lapa.
Para o diretor-presidente da
CPTM, Mário Bandeira, o posicionamento dos dormentes foi
um ato da "vandalismo" que precisa de punição. "Quem coloca
dormentes antes de um material
de bifurcação é um criminoso."
"É impossível nós cobrirmos
230 km de linha férrea. A sociedade também precisa colaborar no
combate ao vandalismo. Só assim
nós vamos tornar o sistema de
transporte mais confortável e
mais seguro", disse Bandeira sobre a segurança das vias.
O prejuízo causado pelo acidente, segundo a estimativa de Bandeira, será de R$ 5 milhões. "Mas
o pior é o prejuízo causado aos
passageiros", disse.
Pela linha B da CPTM, que compreende 20 estações -de Itapevi
a Júlio Prestes-, passam 260 mil
usuários por dia.
Como o trecho atingido ficou
bloqueado até o final da tarde, a
CPTM solicitou à Secretaria Municipal de Transportes 40 ônibus
do Paese (Plano de Apoio às Empresas em Situações de Emergência) para atender aos usuários. No
entanto, a requisição foi feita somente às 5h40, 45 minutos depois
do acidente.
O sargento da Polícia Militar
Evaldo José Dias, que chefiava
uma equipe de assistência aos
usuários na estação, disse que,
minutos depois do descarrilamento, o número de ônibus não
era suficiente para atender a todos
os passageiros. "Foi um tumulto.
O período mais complicado foi
entre as 6h e as 8h30."
Segundo a CPTM, os veículos
não conseguiram "atender à demanda a contento" por causa do
horário, de muita movimentação.
"Os ônibus ainda estavam atendendo outro grupo nas ruas", disse o diretor-presidente.
Em nota oficial, a SPTrans diz
que "atendeu prontamente a solicitação [da CPTM], determinando às empresas que compõem o
sistema que deslocassem veículos
para a região de contingência".
"Todos os ônibus deslocados
para atender à solicitação estavam
com as portas liberadas para o ingresso de passageiros. Diante da
demanda crescente nas estações
da CPTM, a empresa estadual solicitou, às 9h50, outros dez veículos. O pedido foi também prontamente atendido pela SPTrans."
Atraso
Sem ônibus nem trem, os passageiros se atrasaram para o trabalho. A pesquisadora de mercado
Martinha Marques de Oliveira,
63, usuária da linha de trem, contabilizava mais de três horas de
demora. Moradora de Itaquaquecetuba, ela precisa pegar ônibus,
trem e metrô até chegar à empresa em que trabalha, em Pinheiros.
"Normalmente eu demoro duas
horas e meia até chegar à empresa, mas hoje eu ainda estou na
metade do caminho e já perdi
quase três horas. E o pior é que,
como trabalho com vendas, estou
perdendo dinheiro", diz.
O agente de atendimento Rogério Pompílio da Silva, 31, também
se atrasou. Geralmente ele chega
ao trabalho em uma hora e meia.
Na metade do caminho, sem
trem, além de não saber que direção tomar, Silva tinha perdido
mais de duas horas. "Eu já estou
uma hora e 15 minutos atrasado e
não senti segurança no que me
disseram. Acho que eles não estão
abastecidos de informações", disse sobre os funcionários da
SPTrans que foram deslocados
para o local.
Recuperação
O trecho entre as estações Imperatriz Leopoldina e Presidente Altino ficou totalmente interrompido até as 17h45, quando foi liberada a via 1 da linha e interrompida
a operação Paese.
A via 2 deverá ser liberada às
4h40 de hoje. Cerca de 150 homens trabalharam na recuperação dos trilhos e dormentes e na
retirada do trem.
Em condições normais, o tempo de intervalo entre cada trem é
de sete minutos.
Com apenas uma linha, a
CPTM informou que trabalha
com a margem de tempo de 15
minutos entre os trens.
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