São Paulo, sexta-feira, 30 de janeiro de 2004

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VIOLÊNCIA

Os grupos ADA e TCP disputam pontos-de-venda de drogas na Ilha do Governador; quatro pessoas ficaram feridas

Guerra de facções mata dois em favela no Rio

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Uma nova guerra entre traficantes das facções criminosas ADA (Amigo dos Amigos) e TCP (Terceiro Comando Puro) voltou a aterrorizar a Ilha do Governador (zona norte do Rio) na madrugada de ontem, deixando dois mortos e quatro feridos na favela da Pixuna.
Foram quatro horas de confronto, segundo o relato dos moradores. Três bombas de fabricação caseira explodiram -uma delas na porta de uma casa onde viviam seis pessoas, entre elas duas crianças, mas ninguém se feriu. Outras casas foram atingidas por balas de fuzil. Duas granadas foram apreendidas.
De acordo com a Polícia Civil, o confronto começou por volta da meia-noite, depois que um grupo de traficantes ligados a Claudecy de Oliveira, o Noquinha, da ADA, invadiu a favela para retomar o controle das bocas-de-fumo de Édson Francisco Alves, o Bizulai, vinculado ao TCP.
Houve então um tiroteio entre as quadrilhas inimigas. Os traficantes usaram também bombas artesanais e granadas.
Pela manhã, as marcas do tiroteio podiam ser vistas: paredes perfuradas por tiros, vestígios de sangue em paredes e no chão e dezenas de cápsulas de balas.
A dona da casa em cuja porta explodiu a granada -que não quis se identificar- afirmou que, quando ouviram os tiros e a explosão, todos ficaram debaixo da cama para não serem atingidos. Fragmentos da bomba abriram buracos na porta e atingiram algumas panelas e móveis da casa.
Dois supostos traficantes foram atingidos pela explosão dos artefatos e morreram. Os corpos foram deixados na estrada das Canárias e estavam mutilados. Até a conclusão desta edição, os nomes deles não tinham sido divulgados pela polícia.

Feridos
Os feridos, identificados como Wellington José da Silva, José Roberto dos Santos, Márcio Teixeira de Oliveira e Denise Couto, foram internados no hospital Paulino Werneck.
Couto e Oliveira foram liberados. Silva e Santos permaneciam hospitalizados até o final da tarde mas não corriam risco de morte, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.
O delegado-adjunto da 37ª Delegacia de Polícia, Luís Silva, afirmou que está investigando se os quatro teriam algum envolvimento com o tráfico de drogas.
A PM (Polícia Militar) ocupou as principais entradas da favela da Pixuna para evitar que novos confrontos ocorram.
A guerra entre Noquinha e Bizulai vem aterrorizando a Ilha do Governador há três meses.
No final de outubro, traficantes ligados a Bizulai expulsaram Noquinha do morro do Dendê, o que resultou na morte de 12 pessoas. Noquinha decidiu se vingar e invadiu o Dendê no dia 7 de outubro. Na ocasião, oito pessoas morreram, mas ele não conseguiu retomar o controle da favela.

Paradeiro
Atualmente, segundo a polícia, Noquinha está na favela Vila do Pinheiro, no complexo da Maré (zona norte), sob proteção do traficante Edmílson Ferreira dos Santos, conhecido como Sassá, líder da facção ADA.
O TCP é uma dissidência do Terceiro Comando, uma das principais facções criminosas do Rio de Janeiro.
O secretário de Segurança Pública, Anthony Garotinho, informou, por meio de assessoria de imprensa, que não comentaria o tiroteio ocorrido na Ilha.


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