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MAPA DA VIOLÊNCIA
Taxas ainda são altas, afirmam analistas
Número de homicídios é elevado em comparação com outros países; estudiosos alertam sobre crime no interior do país
Enquanto o Brasil registra 25 homicídios por 100 mil habitantes, em 2002 o Equador teve 16,2 mortes violentas por 100 mil
FÁBIO TAKAHASHI
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil deve comemorar a
queda no número de homicídios mostrada pelo documento
"Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros 2008", mas as
taxas ainda são muito altas se
comparadas às de outros países. É o que afirmam especialistas que estudam o tema.
Entre 2003 e 2006, o número
de homicídios por ano no Brasil
caiu de 50.980 para 46.660 (variação de 8,5%).
"A redução está ocorrendo de
forma consistente. As taxas,
porém, ainda são muito elevadas, principalmente se comparadas com outros países", afirma a diretora-executiva do Ilanud (órgão da ONU sobre delitos e tratamento do delinqüente), Paula Miraglia.
Dados coletados pela Organização Mundial da Saúde em
anos diferentes reforçam a impressão de que a violência brasileira ainda é alta.
Enquanto no Brasil a taxa de
homicídios por 100 mil habitantes está na casa dos 25 casos,
no Equador estava em 16,2 em
2002; na Argentina, em 6,8 registros; nos EUA, em 6,2; e no
Canadá, em 1,5.
O cientista político Jorge Zaverucha, coordenador do Núcleo de Estudos de Instituições
Coercitivas da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), lembra que a queda no número de homicídios não leva
necessariamente a uma diminuição da violência.
"O homicídio é apenas um
dos vários indicadores da violência", afirma. "João pode ter
sido assaltado, levado um tiro e
ficado paraplégico, mas vivo.
Ele não entrou nas estatísticas
de homicídio, embora tenha
praticamente perdido a vida",
afirma Zaverucha.
O cientista político da UnB
(Universidade de Brasília) Antônio Testa chama a atenção
para o fato de os homicídios serem altos em cidades pequenas,
no interior do país.
"Nos últimos anos, as quadrilhas têm passado a realizar assaltos em cidades pequenas. A
polícia é ineficiente no interior.
O poder público não consegue
acompanhar esse movimento."
Poder público
Roberto Aguiar, ex-secretário de Segurança Pública do
Distrito Federal (1995-98) e do
Rio de Janeiro (2002), também
responsabiliza os governantes
pelos índices de violência registrados no Brasil.
"Têm uma visão estreita de
segurança pública. Acham que
basta colocar mais policiais nas
ruas ou construir penitenciárias. Isso é primitivo", diz
Aguiar, que é professor da UnB.
A violência, ele continua, deve ser combatida de forma multidisciplinar, envolvendo várias
instâncias de governo (e não
apenas a Secretaria de Segurança) e a própria sociedade.
Para Paula Miraglia, do Ilanud, dois fatores podem ter
contribuído para a diminuição
da violência no país: a campanha pelo desarmamento e as
ações dos próprios municípios.
"A valorização das ações locais é uma tendência mundial.
Aqui, começou a despertar em
2001", afirma.
"Em uma cidade, o problema
pode ser o tráfico de drogas. Em
outra, o crime de vingança. Cada município deve ter ações específicas", acrescenta ela.
O pesquisador do NEV (Núcleo de Estudos da Violência da
USP) Marcelo Batista Nery
afirma que o estudo divulgado
ontem é importante para verificar a tendência da violência
no país, mas ressalta que a diferença de tamanho entre os municípios prejudica as comparações entre as cidades.
Em cidades pequenas, diz, algumas poucas mortes já podem
inflar a taxa de homicídios.
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