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MAPA DA VIOLÊNCIA
Melhora posição de SP no ranking de mortes
Município caiu da posição de 182ª cidade com maior taxa de homicídio para a 492ª, entre os anos de 2004 e 2006
Pesquisadores apontam várias causas combinadas para a melhora no ranking, como maior policiamento e ações promovidas por ONGs
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Entre o estudo do ano passado e o divulgado ontem, a cidade de São Paulo caiu da posição
de 182ª cidade com maior taxa
de homicídio para a 492ª.
A relação do número de mortes por 100 mil habitantes (proporção que caracteriza a taxa
de homicídios) na capital paulista caiu de 48,2 para 31,1.
Os homicídios recuaram
40,4%, de 4.275 em 2004 para
2.546 dois anos depois.
"Não há uma causa única para essa queda expressiva", afirmou a diretora-executiva do
Ilanud (órgão da ONU sobre
delitos e tratamento do delinqüente), Paula Miraglia.
"Há uma tendência clara de
queda em São Paulo desde
1999. Até agora, nenhum trabalho deu uma resposta conclusiva para esse fato", concorda o
pesquisador do NEV (Núcleo
de Estudos da Violência da
USP) Marcelo Batista Nery.
Segundo Nery, "se você perguntar para o poder público, ele
vai dizer que foram as suas intervenções, como o policiamento; outros vão dizer que foram as ações das ONGs, que
melhoraram as inter-relações
sociais entre as pessoas. Para
mim, foi tudo isso junto".
O pesquisador da USP faz
uma ponderação sobre a redução. "Os dados mostram uma
queda geral em São Paulo. Mas
é preciso considerar que a cidade é muito complexa. As situações de Moema [bairro de classes média e alta] e Brasilândia
[periferia da cidade], por exemplo, são muito diferentes."
Os indicadores do Observatório Cidadão Nossa São Paulo,
lançados na semana passada,
mostram essa disparidade.
Enquanto na região da Subprefeitura da Vila Mariana
houve 8,97 crimes violentos
por 100 mil habitantes em
2006, em Parelheiros (ambos
na zona sul) foram 47,88 casos.
Segundo o levantamento divulgado ontem, das 645 cidades
do Estado de São Paulo, apenas
45 estavam entre as 10% que
possuíam as maiores taxas de
homicídios no país. Ou seja, 7%
das cidades paulistas estavam
no grupo das mais violentas. Os
Estados "campeões" foram
Amapá (50% dos municípios) e
Rio de Janeiro (46,7%).
Dentro do Estado de São
Paulo, as cidades mais violentas foram Caraguatatuba, São
Sebastião (ambas no litoral) e
Itapecerica da Serra (Grande
São Paulo). "É preciso verificar
a situação de cada município. O
simples fato de estarem no litoral, por exemplo, não explica
nada. Outras cidades do litoral
não ficaram entre as mais violentas", diz Miraglia, do Ilanud.
Metodologia
Os levantamentos divulgados ontem e no ano passado
utilizaram metodologias diferentes. No de 2007, para todos
os municípios, foi considerada
a média dos três anos disponíveis (de 2002 a 2004). No deste
ano, a quantidade de anos foi
mantida (de 2004 a 2006) para
as cidades com mais de 3.000
habitantes. Para as menores,
foram considerados cinco anos
(de 2002 a 2006).
Questionado se a mudança
no cálculo da taxa de homicídio
para cidades menores poderia
distorcer a comparação do ranking de municípios de um ano
para o outro, o autor do "Mapa
da Violência dos Municípios
Brasileiros", Julio Jacobo Waiselfisz, disse que não.
De acordo com Waiselfisz, a
alteração tem impacto significativo apenas no retrato desses
pequenos municípios.
Colaborou ANGELA PINHO, da Sucursal de Brasília
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