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Lista de cotistas da UFSC vaza pela internet
Segundo universidade, hacker invadiu sistema e publicou documento, que traz desempenho de alunos; link estava no Orkut
Relação, com 30 mil nomes, é mantida em sigilo para evitar
que aprovados sejam estigmatizados; vazamento
acirra a disputa com a Justiça
MATHEUS PICHONELLI
DA AGÊNCIA FOLHA
Em meio à polêmica da suspensão do sistema de cotas da
UFSC (Universidade Federal
de Santa Catarina), determinada pela Justiça Federal, uma
lista extra-oficial vazou na internet com o nome dos aprovados e a identificação dos cotistas por raça ou origem escolar.
O desempenho de cada um é
detalhado no documento. A
universidade confirmou ontem
que um hacker invadiu o sistema do Núcleo de Processamento de Dados da instituição e copiou o relatório, que não havia
sido divulgado até então.
A lista oficial dos aprovados
divulgada pela UFSC, no final
de dezembro, não informava a
classificação dos candidatos.
Anteontem à noite, um link
para download foi colocado em
uma comunidade sobre vestibular no Orkut por um internauta identificado apenas como "Vestibulando da UFSC".
Na lista que foi disponibilizada pelo usuário, havia o emblema da universidade e da Coperve (Comissão Permanente do
Vestibular). São mais de 30 mil
nomes em 806 páginas.
A Polícia Federal informou
ontem que, se a universidade
enviar um ofício à corporação
informando sobre o problema,
poderá fazer perícia no sistema
e tentar identificar o suspeito.
Caso ele seja condenado, poderá pegar até três anos de prisão.
A relação de cotistas normalmente não é divulgada pelas
universidades para evitar que
os aprovados pelo sistema sejam estigmatizados. Algumas,
porém, como a Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), divulgam as informações.
O vazamento acirrou ainda
mais os ânimos. No começo do
mês, a Justiça Federal de Santa
Catarina suspendeu as cotas na
UFSC, a pedido do Ministério
Público Federal.
Na decisão liminar, o juiz
Gustavo Dias de Barcellos afirmou que o sistema fere o princípio de igualdade assegurado
na Constituição e determinou
que as vagas fossem preenchidas por ordem de classificação
dos candidatos.
A UFSC, entretanto, recorreu e aguarda a manifestação
do Tribunal Federal Regional.
A matrícula está marcada para
os dias 14 e 15 de fevereiro.
A UFSC havia reservado 20%
de 4.095 vagas para egressos de
escolas públicas e 10% para negros. A universidade tem 20 mil
estudantes de graduação.
Após saber da lista, uma integrante da comunidade no Orkut comentou: "Agora que dá
pra saber quem é cotista e
quem não é, o preconceito vai
comer solto lá dentro". Em outra comunidade contra o sistema, um aluno disse que os negros não poderiam entrar na
UFSC "de cabeça erguida tirando menos da metade da nota
daquelas pessoas que ficaram
de fora por causa das cotas".
Na UFSC, mais de 50 mandados de segurança foram concedidos pela Justiça a estudantes
ou entidades contra o sistema.
Ontem, o subsecretário de
Políticas de Ações Afirmativas
da Secretaria da Igualdade Racial, Alexandro Reis, minimizou o fato. "As idéias de recrudescimento do ódio racial, perda de qualidade da educação
superior e demais efeitos negativos previstos pelos opositores
do sistema não aconteceram."
O secretário de Ensino Superior do Ministério da Educação,
Ronaldo Mota, afirmou que
não comentaria o fato.
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