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Boom imobiliário agrava enchentes em Perdizes e no Ipiranga
Aumento da impermeabilização do solo tornou o escoamento da água da chuva mais lento nos dois bairros de São Paulo
Para atender a essas novas situações, a Prefeitura de São Paulo solicitou uma revisão do plano de macrodrenagem, de 1998
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os moradores de Perdizes
(zona oeste de São Paulo) e do
Ipiranga (zona sul), que há décadas convivem entre enchentes, devem se preparar: o problema tem se agravado nos últimos tempos por conta do boom
imobiliário nas duas regiões.
A avaliação é do Daee (Departamento de Águas e Energia
Elétrica), órgão do governo do
Estado responsável pelas grandes obras de combate às enchentes na região metropolitana, que aponta o aumento da
impermeabilização do solo
nessas regiões e a necessidade
de intervenções.
Um exemplo dessa situação
ocorreu nesta semana. Na terça, um temporal alagou a região
da rua Turiaçu e da av. Francisco Matarazzo, em Perdizes, e
deixou clientes do shopping
Bourbon duas horas ilhados.
Há registros de enchentes
desde o início do século passado. Porém, as águas demoravam mais a subir e, depois das
chuvas, escoavam com mais rapidez. "Toda vez que chove, demora uma hora para [a água]
baixar", disse à Folha na terça-feira Geraldo Pessoa, 56, frentista que trabalha na região.
"O problema na Turiaçu já é
sinal da impermeabilização do
solo, de tudo o que foi feito naquela região", disse Ubirajara
Tannuri Felix, superintendente do Daee. A construção do
Bourbon é citada por Felix como exemplo do crescimento da
impermeabilização do solo,
que faz com que as águas não
penetrem no solo e escoem para os rios e córregos por cima
do asfalto. O shopping construiu dois piscinões embaixo
do estacionamento para evitar
o agravamento do problema.
No Ipiranga, os alagamentos
desta semana atingiram as avenidas Ricardo Jafet e Teresa
Cristina e a rua dos Patriotas.
Plano de drenagem
Por enquanto, não há previsão de quando a situação vai
melhorar. Já havia projetos de
construção de piscinões e alargamento da calha do córrego
Ipiranga que não foram realizados. A prefeitura encomendou
um novo estudo da área que deve propor obras ainda maiores.
Para a região de Perdizes ainda não há qualquer projeto.
Em 1998, quando foi feito um
plano de macrodrenagem da
região metropolitana, essas
áreas não eram as mais preocupantes. Desde então, a maior
parte das obras foi realizada
nas bacias dos córregos Pirajussara (zona sul, na divisa de
São Paulo com Taboão da Serra) e Aricanduva (zona leste) e
do rio Tamanduateí, além da
ampliação da calha do Tietê.
Cerca de 70% das obras previstas no plano foram feitas, inclusive 41 dos 60 piscinões. Porém, com o surgimento de novas regiões de enchentes e com
a ocupação de áreas previstas
para piscinões, o Daee encomendou uma revisão do plano,
que deve ficar pronta até abril.
Aluísio Pardo Canholi, diretor da Hidrostudio -empresa
contratada para revisar o plano-, disse que, além dos piscinões e das obras de canalização
de rios e córregos, o estudo deve contemplar a criação de parques lineares como forma de
reduzir a velocidade das águas e
ampliar as áreas permeáveis.
"Mudou o cenário desde que
fizemos o plano. Estamos fazendo novas plantas das áreas
inundáveis", disse Canholi. Sua
empresa também foi contratada pela prefeitura para estudar
soluções para o Ipiranga.
Canholi defende a construção de piscinões ao longo do
córrego Ipiranga. Para a região
de Perdizes, diz, é preciso estudar a possibilidade de um piscinão sob a praça Marrey Jr. (rua
Turiaçu com av. Antártica).
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