São Paulo, sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

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Boom imobiliário agrava enchentes em Perdizes e no Ipiranga

Aumento da impermeabilização do solo tornou o escoamento da água da chuva mais lento nos dois bairros de São Paulo

Para atender a essas novas situações, a Prefeitura de São Paulo solicitou uma revisão do plano de macrodrenagem, de 1998

EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os moradores de Perdizes (zona oeste de São Paulo) e do Ipiranga (zona sul), que há décadas convivem entre enchentes, devem se preparar: o problema tem se agravado nos últimos tempos por conta do boom imobiliário nas duas regiões.
A avaliação é do Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica), órgão do governo do Estado responsável pelas grandes obras de combate às enchentes na região metropolitana, que aponta o aumento da impermeabilização do solo nessas regiões e a necessidade de intervenções.
Um exemplo dessa situação ocorreu nesta semana. Na terça, um temporal alagou a região da rua Turiaçu e da av. Francisco Matarazzo, em Perdizes, e deixou clientes do shopping Bourbon duas horas ilhados.
Há registros de enchentes desde o início do século passado. Porém, as águas demoravam mais a subir e, depois das chuvas, escoavam com mais rapidez. "Toda vez que chove, demora uma hora para [a água] baixar", disse à Folha na terça-feira Geraldo Pessoa, 56, frentista que trabalha na região.
"O problema na Turiaçu já é sinal da impermeabilização do solo, de tudo o que foi feito naquela região", disse Ubirajara Tannuri Felix, superintendente do Daee. A construção do Bourbon é citada por Felix como exemplo do crescimento da impermeabilização do solo, que faz com que as águas não penetrem no solo e escoem para os rios e córregos por cima do asfalto. O shopping construiu dois piscinões embaixo do estacionamento para evitar o agravamento do problema.
No Ipiranga, os alagamentos desta semana atingiram as avenidas Ricardo Jafet e Teresa Cristina e a rua dos Patriotas.

Plano de drenagem
Por enquanto, não há previsão de quando a situação vai melhorar. Já havia projetos de construção de piscinões e alargamento da calha do córrego Ipiranga que não foram realizados. A prefeitura encomendou um novo estudo da área que deve propor obras ainda maiores.
Para a região de Perdizes ainda não há qualquer projeto.
Em 1998, quando foi feito um plano de macrodrenagem da região metropolitana, essas áreas não eram as mais preocupantes. Desde então, a maior parte das obras foi realizada nas bacias dos córregos Pirajussara (zona sul, na divisa de São Paulo com Taboão da Serra) e Aricanduva (zona leste) e do rio Tamanduateí, além da ampliação da calha do Tietê.
Cerca de 70% das obras previstas no plano foram feitas, inclusive 41 dos 60 piscinões. Porém, com o surgimento de novas regiões de enchentes e com a ocupação de áreas previstas para piscinões, o Daee encomendou uma revisão do plano, que deve ficar pronta até abril.
Aluísio Pardo Canholi, diretor da Hidrostudio -empresa contratada para revisar o plano-, disse que, além dos piscinões e das obras de canalização de rios e córregos, o estudo deve contemplar a criação de parques lineares como forma de reduzir a velocidade das águas e ampliar as áreas permeáveis.
"Mudou o cenário desde que fizemos o plano. Estamos fazendo novas plantas das áreas inundáveis", disse Canholi. Sua empresa também foi contratada pela prefeitura para estudar soluções para o Ipiranga.
Canholi defende a construção de piscinões ao longo do córrego Ipiranga. Para a região de Perdizes, diz, é preciso estudar a possibilidade de um piscinão sob a praça Marrey Jr. (rua Turiaçu com av. Antártica).


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