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Justiça condena 2 por mortes por Celobar
Em 2003, o laboratório Enila comercializou lote contaminado do contraste que causou a morte de pelo menos 9 pessoas
Medicamento era usado em exames de raio-x e continha uma grande quantidade
de substância empregada
em veneno para ratos
DA SUCURSAL DO RIO
O chefe da divisão química do
laboratório Enila, Antônio Carlos da Fonseca Silva, foi condenado pela Justiça do Rio a 22
anos de prisão pela contaminação do medicamento Celobar,
que causou a morte de pelo menos nove pessoas em 2003
-uma no Rio de Janeiro e oito
em Goiás.
O diretor-presidente do laboratório Enila, Márcio D'Icarahy Câmara Lima, também foi
condenado -a 20 anos de prisão. Eles podem recorrer da
sentença em liberdade.
A decisão é do juiz Jorge Luiz
Le Cocq D'Oliveira, da 38ª Vara
Criminal do Rio, em ação movida pelo Ministério Público.
Substâncias nocivas
O Celobar era usado para
permitir o contraste durante
exames de raio-x. Para baratear
a produção do medicamento, o
laboratório usou substâncias
nocivas à saúde humana.
No lugar de adicionar sulfato
de bário, o princípio ativo correto do medicamento, o laboratório usou carbonato de bário,
usado em veneno para ratos.
Laudo da Fundação Oswaldo
Cruz detectou a presença de
14% de carbonato de bário em
100 g, sendo que o limite máximo permitido é de 0,001%.
Em 16 de abril de 2003, o laboratório iniciou a venda de um
lote contaminado -3040068,
que foi distribuído em nove Estados e no Distrito Federal.
Após as primeiras mortes, o
Enila foi interditado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e faliu.
A maior quantidade de frascos foi para Goiás, onde ocorreu a maioria das mortes. A
única exceção foi o paciente Ricardo Diomedes que morreu
em 22 de maio de 2003, um dia
após ter sido atendido em uma
clínica de Nova Iguaçu (Baixada Fluminense).
Além das ações criminais,
também tramitam na Justiça
processos em que as famílias
das vítimas pedem indenizações ao laboratório. A reportagem não conseguiu localizar representantes dos réus.
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