São Paulo, sábado, 30 de janeiro de 2010

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Pai, mãe e filha morrem soterrados em casa

Imóvel onde família foi soterrada estava regularizado e não ocupava área de risco, segundo Defesa Civil de Francisco Morato

Com as vítimas fatais do município da Grande SP, Estado já registra 68 mortes em decorrência das chuvas desde o início de dezembro

Almeida Rocha/Folha Imagem
Local em que aconteceu o deslizamento que matou três pessoas da mesma família, anteontem à noite, em Francisco Morato, município da Grande São Paulo

LÉO ARCOVERDE
DO "AGORA"

Um novo deslizamento causado pelas chuvas matou anteontem à noite pai, mãe e filha em Francisco Morato, município da Grande São Paulo.
A família foi soterrada dentro da casa para a qual havia se mudado cinco dias antes.
O Estado já registra 68 mortes em decorrência das fortes chuvas iniciadas em dezembro, segundo a Defesa Civil.
Os corpos das vítimas foram retirados após sete horas de buscas dos Bombeiros.
Outras quatro pessoas, da mesma família, que moravam em outra casa no mesmo quintal, conseguiram escapar apenas com ferimentos leves.
Vizinhos retiraram terra com as mãos para ajudar os sobreviventes a sair dos escombros.
A casa onde morreram o mecânico desempregado Wagner Gonçalves, 50, a costureira e funcionária de uma padaria Iara da Silva Oliveira, 48, e a filha adotiva do casal, Amanda de Oliveira, 15, estava regularizada e não ocupava uma área de risco, de acordo com a Defesa Civil do município.
Meses antes, porém, o órgão notificou cerca de 30 imóveis no entorno da casa sobre a qual ocorreu o deslizamento para que seus moradores deixassem o local. Ninguém, no entanto, atendeu ao pedido.

Vaias
O prefeito de Francisco Morato, José Aparecido Bressane (PT), responsabilizou as chuvas pelas mortes.
"Chove há seis meses na cidade. Francisco Morato é uma município acidentado, úmido, com muito morro e mais de 2.000 famílias vivendo em área de risco", disse Bressane, sem apresentar índices sobre as chuvas na região.
O prefeito foi recebido com vaias dos moradores ao chegar ao local do deslizamento na madrugada de ontem. "É natural, ocorrendo uma tragédia dessas, que se procure um culpado. Como sou o prefeito e estava lá, não teve jeito."
Pelo menos 50 casas nas quatro regiões da cidade foram interditadas ontem. Segundo a prefeitura, cerca de 100 famílias (ou 400 pessoas) estão desabrigadas. Eles estão morando em casa de parentes, já que a prefeitura não dispõe de abrigo para as vítimas da enchente.

Sem comparação
Questionada ontem se o número de mortes ocorridas neste verão já era recorde no Estado, a Defesa Civil informou que ainda não era possível fazer um comparativo dos dados atuais com os de outros anos por problemas operacionais.
De acordo com o órgão, a maioria de seus profissionais está empenhada no "atendimento à população" e, por isso, não poderia fazer um levantamento detalhado.


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