São Paulo, sábado, 30 de janeiro de 2010

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ARTUR SCHMIDT (1922-2010)

Um vovô na história da Oktoberfest

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao contrário das últimas 26 edições da Oktoberfest, a festa do chope mais tradicional do país, neste ano ninguém ouvirá em Blumenau (SC) o Opa do Bandoneon. Opa, em alemão, significa vovô. Bandoneon é uma espécie de acordeão. O apelido era de Artur Schmidt, que fez 88 anos na quinta-feira, 21, e morreu no dia seguinte.
Nascido em Blumenau, seu Artur apenas arranhava o português. A língua que usava no dia a dia era o alemão, herança de família. Aos nove anos, começou a se interessar por música e acabou aprendendo sozinho a tocar, conta a filha Regina. Não parou mais -gravou inclusive dois CDs, com músicas tradicionais e próprias. A alegria para ele era tocar em bailes, casamentos ou aniversários -e, lógico, na festa do chope. No ano passado -já com a saúde debilitada-, apresentou-se em apenas 6 dos 18 dias da Oktoberfest, usando os tradicionais chapéu, camisa e colete.
Por longos anos, trabalhou como carpinteiro e pedreiro. Nos fundos de casa, mantinha uma criação de abelhas. Todo ano, em outubro, coletava o mel para vender. A habilidade musical ele não passou aos filhos. Os únicos que tiveram contato com o instrumento foram um neto e o sobrinho-neto, que poderá substituí-lo na festa. Dias antes de morrer, de problemas respiratórios e cardíacos, Artur pediu para ouvir suas músicas gravadas. Deixa viúva, oito filhos, 16 netos e 20 bisnetos.

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