São Paulo, domingo, 30 de janeiro de 2011 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Traficantes já tentam voltar ao morro do Alemão Investigações apontam que Mica, "dono" de pontos de drogas na Vila Cruzeiro, voltou a entrar e sair da favela Criminosos, agora sem armas de fogo, estariam assassinando desafetos a facadas; autoridades investigam três casos DIANA BRITO HUDSON CORRÊA DO RIO Movimentos detectados por policiais mostram que o tráfico começa a preparar a volta aos complexos da Penha e do Alemão, na zona norte do Rio, ocupados desde o fim de novembro. A Folha apurou que o traficante Paulo Roberto de Souza Paz, conhecido como Mica ou MK, que controlava pontos de tráfico em parte da Vila Cruzeiro, voltou a entrar e a sair da favela. Ele morava na chamada "casa verde", no alto de um dos morros, de onde podia monitorar o movimento de carros e pessoas. Sua casa, de três andares, tinha uma piscina na laje. No muro em frente, traficantes haviam aberto buracos onde eram encaixados fuzis e feitos disparos a esmo contra desconhecidos que subissem a favela. Agora sem armas de fogo, traficantes, incluindo Mica, teriam passado a matar a facadas desafetos suspeitos de terem transmitido informações para policiais, segundo relatos de moradores ouvidos pela Folha. Um investigador da Polícia Civil confirma a suspeita. "Estamos investigando três casos de esfaqueamento que de fato têm relação com o tráfico. Em um deles, a vítima é uma mulher que teria algum tipo de ligação com o Mica." Segundo o Exército, ocorreram cinco homicídios nos complexos desde a ocupação pela Brigada Paraquedista em 23 de dezembro passado. Os militares não informaram exatamente quantos morreram a golpes de faca. "Com essa violência silenciosa [as mortes a facadas], Mica está tentando evitar que moradores continuem a denunciar coisas que ainda estão lá dentro", disse ainda a fonte da Polícia Civil. O Exército confirma que ainda existem drogas e armas escondidas nos complexos. Cerca de 17 kg de cocaína foram encontrados há uma semana enterrados dentro de uma casa vazia. Outro indício da nova investida do tráfico é que bandidos, segundo disse à Folha um oficial do Exército, voltaram a montar barricadas, desta vez com pedras, para barrar patrulhas. Cinco delas foram encontradas e desmontadas pelas tropas. Do fim de dezembro até o início da semana passada, ao menos dez disparos de armas de fogo foram feitos contra as tropas, o que também mostra resistência à ocupação. Há outro temor entre os moradores. Eles relatam que são vigiados pelos "soldados do tráfico" remanescentes no morro. Líderes comunitários estão entre os alvos; um deles chegou a deixar a favela por 20 dias, após ameaça. "O medo existe, nós estamos na fase do rescaldo", afirmou o general Fernando Sardenberg, comandante da Força de Pacificação. Segundo ele, ainda há áreas, "entre 22 comunidades", hostis à presença do Exército. Esses locais ficam próximos às casas dos traficantes. O Exército já fez 72 detenções de suspeitos de ligação com o tráfico, mas sem provar vínculo. Outras sete pessoas ficaram presas, acusadas de traficar no sistema chamado pelo general de "formiguinha" -o tráfico discreto, sem as chamadas bocas de fumo vigiadas por homens com fuzis. Texto Anterior: Outro lado: Suspeitos negam participação em suposto esquema Próximo Texto: RS "importa" do Nordeste solução contra estiagem Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |