São Paulo, quinta-feira, 30 de março de 2006

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ADMINISTRAÇÃO

Orientação de assessores de Serra é que pefelista participe de vários eventos para evitar avaliação ruim do novo governo

PSDB monta agenda para apresentar Kassab

CONRADO CORSALETTE
FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

O vice-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PFL), terá agenda cheia em sua primeira semana como chefe do Executivo da cidade mais importante do país.
Trata-se de uma estratégia montada pela equipe do titular José Serra (PSDB), que tem até amanhã para renunciar e estar apto a disputar o governo do Estado. A superexposição do pefelista seria uma forma de evitar queda brusca da avaliação da administração por parte do paulistano.
Para assessores diretos de Serra, a avaliação positiva da gestão -44% dos entrevistados a consideraram ótima ou boa, segundo a última pesquisa Datafolha- e do prefeito (50% afirmam ser ótimo ou bom) se devem, entre outros motivos, ao fato de o tucano estar sempre em exposição, participando de vários eventos públicos. Uma má avaliação do início da gestão Kassab, temem tucanos, poderá prejudicar Serra na campanha ao governo.
"A orientação é não parar de aparecer", diz um dos assessores. Na segunda-feira, o pefelista, que já estará efetivado no cargo de prefeito, deve inaugurar um posto da AMA (Assistência Médica Ambulatorial) na Vila Guilherme, zona norte. Na terça-feira, Kassab tem marcado um evento de lançamento de um laboratório de exames de alta resolução com o qual a prefeitura estará conveniada.
Ontem, os responsáveis pela agenda do chefe do Executivo municipal buscavam outras atividades para Kassab. A idéia é que ele tenha, pelo menos, uma aparição pública por dia. Não está descartada a realização de eventos ainda neste final de semana.
Os vereadores da base de Serra e alguns integrantes do "centrão", grupo de parlamentares da Câmara Municipal que se diz independente, também farão sua parte: se propuseram a "apresentar" Kassab a suas bases nos eventos.

Máquina na mão
Ainda como estratégia para evitar desgastes na campanha, Serra fechou um acordo com Kassab segundo o qual a maior parte da atual equipe da administração será mantida pelo menos até o final das eleições, em outubro.
Com isso, o tucano tentaria aplacar o desgaste de renunciar ao mandato um ano e três meses depois da posse, mesmo tendo assinado um documento no qual se comprometia a ficar quatro anos à frente da prefeitura. O acordo tem outra vantagem: a máquina municipal ficaria nas mãos do PSDB durante toda a campanha.
As subprefeituras, por exemplo, não foram divididas entre os aliados da Câmara Municipal. Órgãos de contato direto com a população, elas foram ocupadas por indicados pelo próprio Serra ou por auxiliares diretos, como Walter Feldman (ex-secretário de Subprefeituras) e Aloysio Nunes Ferreira (secretário de Governo).
Ontem, em evento à noite, Serra se recusou a tratar de política.


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