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OUTRO LADO
Empresas negam pressão sobre médicos e ONG
DA REPORTAGEM LOCAL
O gerente médico da área
de hepatites do laboratório
Roche, Fernando Tatsch, nega que ações de marketing
do laboratório possam estar
influenciando a escolha do
remédio da empresa pelos
médicos.
Segundo Tatsch, em todo
o mundo há mais demanda
pelo medicamento do seu laboratório. "Nossas ações
têm como principal objetivo
disponibilizar informações
para a classe médica sobre a
doença para que ela possa
decidir qual é o melhor tratamento e o momento correto de usá-lo", afirma uma
nota da empresa.
"A minha convicção é que
[o remédio da Roche] é o
mais completo, tem maior
chance de cura", completou
Tatsch.
O laboratório Schering-Plough divulgou uma nota
em que diz "concordar plenamente" com o critério de
dispensação usado pela Secretaria Estadual da Saúde
porque atende a uma normativa que reflete as condições da licitação.
O laboratório, que venceu
a maior parte da licitação do
Estado, confirmou que "colabora com organizações
não-governamentais visando a maior difusão de conhecimentos sobre a doença
e o seu tratamento".
A ONG C Tem Que Saber
C Tem Que Curar confirmou que recebeu o patrocínio da Schering-Plough em
2005 para a realização de
evento. E que neste ano negocia com o laboratório e
com a Roche a elaboração de
um material sobre prevenção. A ONG nega cooptação.
A Sociedade Brasileira de
Hepatologia defende que os
médicos tenham a possibilidade de receitar ambos os
produtos.
"O médico deve decidir.
Não há consenso sobre isso", afirmou Edna Strauss,
ex-presidente da entidade,
que nega que o marketing
seja uma motivação.
Segundo Edna, que já fez
palestras para os dois laboratórios, "cada médico vai se
convencer mais com um [remédio] ou mais com outro".
"Em medicina, cada cabeça
é uma sentença. O governo
colocar regra fica complicado. A saúde da população é
prioritária."
A Secretaria Estadual da
Saúde destacou que reduziu
o preço médio do remédio
de R$ 811,24, em 2003, para
R$ 520,63, em 2005.
O remédio interferon peguilado é um dos principais
gastos em medicamentos da
Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, o que explica a guerra entre os laboratórios produtores da droga para garantir mercado. Segundo o governo estadual, no
ano passado os gastos foram
de R$ 80 milhões.
Em 2005, a Procuradoria
Geral do Estado de São Paulo acusou os laboratórios de
usarem as ações judiciais para forçar a compra de seus
produtos.
(FL)
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