São Paulo, quinta-feira, 30 de março de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OUTRO LADO

Empresas negam pressão sobre médicos e ONG

DA REPORTAGEM LOCAL

O gerente médico da área de hepatites do laboratório Roche, Fernando Tatsch, nega que ações de marketing do laboratório possam estar influenciando a escolha do remédio da empresa pelos médicos.
Segundo Tatsch, em todo o mundo há mais demanda pelo medicamento do seu laboratório. "Nossas ações têm como principal objetivo disponibilizar informações para a classe médica sobre a doença para que ela possa decidir qual é o melhor tratamento e o momento correto de usá-lo", afirma uma nota da empresa.
"A minha convicção é que [o remédio da Roche] é o mais completo, tem maior chance de cura", completou Tatsch.
O laboratório Schering-Plough divulgou uma nota em que diz "concordar plenamente" com o critério de dispensação usado pela Secretaria Estadual da Saúde porque atende a uma normativa que reflete as condições da licitação.
O laboratório, que venceu a maior parte da licitação do Estado, confirmou que "colabora com organizações não-governamentais visando a maior difusão de conhecimentos sobre a doença e o seu tratamento".
A ONG C Tem Que Saber C Tem Que Curar confirmou que recebeu o patrocínio da Schering-Plough em 2005 para a realização de evento. E que neste ano negocia com o laboratório e com a Roche a elaboração de um material sobre prevenção. A ONG nega cooptação.
A Sociedade Brasileira de Hepatologia defende que os médicos tenham a possibilidade de receitar ambos os produtos.
"O médico deve decidir. Não há consenso sobre isso", afirmou Edna Strauss, ex-presidente da entidade, que nega que o marketing seja uma motivação.
Segundo Edna, que já fez palestras para os dois laboratórios, "cada médico vai se convencer mais com um [remédio] ou mais com outro". "Em medicina, cada cabeça é uma sentença. O governo colocar regra fica complicado. A saúde da população é prioritária."
A Secretaria Estadual da Saúde destacou que reduziu o preço médio do remédio de R$ 811,24, em 2003, para R$ 520,63, em 2005.
O remédio interferon peguilado é um dos principais gastos em medicamentos da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, o que explica a guerra entre os laboratórios produtores da droga para garantir mercado. Segundo o governo estadual, no ano passado os gastos foram de R$ 80 milhões.
Em 2005, a Procuradoria Geral do Estado de São Paulo acusou os laboratórios de usarem as ações judiciais para forçar a compra de seus produtos. (FL)


Texto Anterior: Saúde: SP tem prejuízo com remédio de hepatite
Próximo Texto: Fazendo moda: Prostitutas do Rio criam outra grife
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.