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Sobel é detido nos EUA, acusado de furto
Rabino, que ontem se afastou temporariamente da Congregação Israelita Paulista, diz que jamais teve a intenção de furtar
Sobel, que pagou U$ 3.000 de fiança, foi acusado de furtar gravatas de grifes famosas no valor de U$ 680 e preso na última sexta
DA REPORTAGEM LOCAL
O rabino Henry Sobel, 63,
presidente do rabinato da Congregação Israelita Paulista, um
dos líderes mais importantes
da comunidade judaica brasileira, foi detido na sexta-feira
passada (dia 23) em West Palm
Beach, Estado americano da
Flórida, acusado de furtar gravatas de grifes famosas no valor
de U$ 680 (R$ 1.390).
Ontem à noite, o rabino emitiu uma nota oficial, em que diz:
"Jamais tive a intenção de furtar qualquer objeto em toda a
minha vida." (leia íntegra na
pág. C3).
Ao site G1, à tarde, disse por
telefone que a notícia de sua
prisão é "fantasiosa" e que "nada disso tem a ver com a verdade". Apesar disso, apresentou,
às 20h, um pedido de afastamento da presidência da CIP.
Jornal da Flórida
A prisão de Sobel foi publicada em um jornal da Flórida, o
"Palm Beach Daily News", em
sua edição de ontem. Segundo a
publicação, que não identificou
Sobel como rabino, mas apenas
como "um homem de São Paulo, Brasil", o acusado foi encaminhado à cadeia local, onde
permaneceu até sábado.
A notícia é confirmada pelo
site da polícia do condado de
Palm Beach, que chegou a publicar uma foto do rabino tirada
na prisão.
As autoridades americanas o
liberaram mediante pagamento de fiança no valor de U$
3.000 (R$ 6.135).
No boletim de ocorrência,
consta que um empregado da
loja Louis Vuitton chamou a
polícia por volta das 12h30 de
sexta-feira, por suspeitar do
comportamento de um cliente.
Depois de olhar o vídeo do
circuito interno de tevê da loja,
os policiais teriam apurado que
o homem pegou uma gravata,
dobrou-a e saiu -sem comprá-la e com as mãos vazias.
Os policiais disseram ter
abordado o homem já fora da
loja. Ele teria se identificado
como Henry Sobel e negado o
furto. Mesmo assim, segundo o
boletim de ocorrência, Sobel
dispôs-se a pagar pela peça.
Em seguida, sempre de acordo com a polícia, o rabino teria
admitido o furto e dado permissão para buscas em seu carro.
Foi então que os policiais encontraram outras quatro gravatas das marcas Louis Vuitton, Giorgio's, Gucci e Giorgio
Armani. Sobel teria, segundo a
polícia, admitido ter levado
-sem pagar- os produtos.
O rabino esteve nos EUA,
mas apenas de passagem: ia na
verdade para Caracas, na Venezuela, participar do Congresso
Judaico Latino-americano.
Em São Paulo
Ontem à noite, Sobel reuniu-se com um médico e um advogado. Não atendia telefones.
Durante o dia, antes da ampla
divulgação da notícia, procurou
manter os compromissos previamente agendados.
No começo da tarde, deu palestra em uma ONG chamada
Naamat ("mulheres voluntárias", em hebraico), que fica na
Barra Funda. Falou sobre o significado do Pesach (a Páscoa
judaica, que comemora a fuga
dos judeus da escravidão no
Egito). Neste ano, o Pesach cairá entre os dias 2 e 10 de abril.
Amigos de Sobel entrevistados ontem pela Folha não quiseram se manifestar sobre a
acusação antes de ouvir o próprio rabino.
Sob condição de não ser
identificado, um deles disse
ter-se encontrado com Sobel
em fevereiro e notado que ele
tinha as mãos trêmulas. Segundo esse amigo, parecia mal de
Parkinson.
Democratização
O rabino Henry Sobel desempenhou papel de destaque
na redemocratização do país,
em companhia do então cardeal arcebispo de São Paulo,
Paulo Evaristo Arns, e do pastor James Wright.
Os três religiosos, em 1975,
quando o jornalista Vladimir
Herzog foi assassinado nas dependências do Doi-Codi, celebraram um culto ecumênico na
catedral da Sé que foi um marco
na luta pelo fim da ditadura.
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