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PF investiga suspeitos por ataque contra africanos
A partir de hoje, Polícia Federal vai ouvir oito testemunhas do ato na UnB
Os cinco acusados também são moradores do alojamento estudantil da Universidade de Brasília, onde ocorreu o incidente
PRISCILA ROSSITER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A partir de hoje, a Polícia Federal vai ouvir oito testemunhas do ataque contra dez estudantes africanos, ocorrido na
madrugada de anteontem, no
câmpus da UnB (Universidade
de Brasília).
Os acusados pelo ataque
devem ser ouvidos pela Polícia
Civil do Distrito Federal a partir da próxima segunda-feira.
De acordo com o delegado da
Polícia Civil Rogério Borges
Cunha, responsável pelo caso,
são cinco os suspeitos, todos
moradores da Casa do Estudante Universitário (CEU), onde ocorreu o atentado. A polícia
investiga agora se ele foi ou
não motivado por racismo e
xenofobia.
Por meio da assessoria de imprensa, a Polícia Federal informou que "não se pode trabalhar prematuramente com a hipótese de racismo".
No incidente, as portas de
três apartamentos ocupados
pelas vítimas na CEU, que fica
dentro do câmpus, foram incendiadas e os extintores de incêndio de dois andares do prédio foram esvaziados, mas não
houve feridos.
O ato causou comoção e cerca de 400 estudantes fizeram
uma passeata anteontem.
Dos 26 mil alunos matriculados na UnB, 400 são estrangeiros -22 deles africanos-, recebidos por meio de acordo de
cooperação internacional do
governo brasileiro.
Hotel
Depois da reunião dos alunos
da universidade com o reitor
Timothy Mulholland, 16 dos 22
estudantes africanos foram
transferidos para um hotel.
Para a Secretaria Especial de
Políticas de Promoção da
Igualdade Racial, o incidente
não teve relação com a declaração da ministra Matilde Ribeiro, que afirmou ser "natural"
o racismo de negros contra
brancos, por causa da opressão
histórica.
As vítimas do incidente, todos de Guiné-Bissau, fizeram
uma denúncia também no Ministério Público.
A promotora Laís Cerqueira
Silva afirmou que, caso seja
comprovada a natureza racista
do ato, poderão ser abertos
uma ação penal e um processo
contra os autores do crime.
Se for confirmado o crime de
racismo, os acusados podem
ser condenados a penas um a
três anos de prisão. Já a punição prevista pelo incêndio varia
de quatro a oito anos de reclusão, de acordo com o Ministério Público.
"Vergonhoso"
Representantes do Congresso Nacional estiveram ontem
na UnB buscando informações
sobre o caso.
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, classificou ontem o episódio como
"vergonhoso" e "muito grave".
Ele disse que as investigações
serão acompanhadas de perto
para mostrar que não haverá
impunidade.
"Há poucos momentos na vida em que você sente uma vergonha coletiva", afirmou.
Colaborou FERNANDA KRAKOVICS, da Sucursal de Brasília
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