São Paulo, sexta-feira, 30 de março de 2007

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IPT barra retomada de obras da linha amarela do metrô

Primeiros pareceres do instituto de pesquisas condenam as normas de segurança adotadas pelo Consórcio Via Amarela

Exigências podem atrasar em seis meses a liberação dos trabalhos; o Metrô, o Ministério Público e o consórcio não confirmam

ROGÉRIO PAGNAN
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Os primeiros pareceres do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) sobre as obras da linha 4-amarela do metrô de São Paulo condenaram as normas de segurança adotadas pelo Consórcio Via Amarela e não autorizaram a retomada nas frentes de trabalho.
As obras das 23 frentes da linha 4-amarela estão paralisadas desde o mês passado após o Ministério Público Estadual exigir a total garantia de segurança ao consórcio e ao Metrô.
Os primeiros relatórios se referem a quatro delas: Caxingui-Três Poderes, Três Poderes-Caxingui, Três Poderes-Butantã e Caxingui-Morumbi.
A linha é a mesma onde aconteceu o acidente na futura estação Pinheiros, na zona oeste da capital, e que matou sete pessoas soterradas e desalojou mais de 70 famílias vizinhas.
Para uma garantia incontestável, ficou acordado que o consórcio contrataria uma empresa especializada para analisar a segurança da obra. Esses laudos, por sua vez, seriam submetidos ao IPT para serem referendados. E foi o que aconteceu, mas o resultado não foi o desejado pelo consórcio formado pela Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez.
"Os relatórios estabelecem a necessidade de demonstração de uma série de providências relacionadas com a segurança da obra", diz nota enviada pelo Metrô à Folha, sem informar o teor das exigências.
Por dois dias a reportagem solicitou ao consórcio o resultado dos laudos, já que o IPT se negou a informá-los em nome de uma política de fidelidade ao cliente. O instituto receberá das empreiteiras R$ 1,8 milhão pelo serviço.
Na noite de ontem, o consórcio divulgou uma nota em que confirmava o resultado negativo, somente após a Folha informar conhecer parte do teor dos documentos. "Nos laudos, o IPT pede informações adicionais e demonstrações de procedimentos que serão encaminhados nos próximos dias para possibilitar a liberação dessas frentes de obras", diz trecho.
Conforme o Metrô, o Ministério Público deve receber hoje os representantes da estatal, do consórcio e do IPT para discutir os pareceres.
O objetivo do consórcio de construtoras será demonstrar "que as providências relacionadas estão em concordância com as normas técnicas observadas no empreendimento."
A Folha solicitou cópias dos pareceres ao Consórcio Via Amarela e à Promotoria, mas o pedido não foi atendido.
De acordo com pessoas ligadas ao Ministério Público, as exigências do IPT podem atrasar em seis meses a liberação. A Promotoria, o Metrô e o consórcio não confirmam.


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