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Moradores apóiam porto; ambientalistas temem danos
ONGs acreditam que empreendimento prejudicará área de conservação da Juréia
Comerciantes e prefeitura são favoráveis à construção, por conta da geração de renda e da possibilidade de elevar arrecadação
DA ENVIADA ESPECIAL A PERUÍBE
Um outdoor na av. Padre Anchieta anuncia: "Porto Brasil e
o aniversário de Peruíbe, dois
excelentes motivos para você
comemorar". Pelo que se vê e se
ouve na cidade, muitos moradores de Peruíbe realmente
festejam a obra.
"É muito importante para a
região, vai ampliar o mercado
de trabalho e criar uma saída
para o mundo inteiro. Se o projeto não for adiante, será muito
frustrante, principalmente para a juventude", afirma o administrador de empresas José
Carlos Battaglia Ribeiro, 72.
Ribeiro foi uma das cerca de
500 pessoas que estiveram na
semana passada no Centro de
Convenções de Peruíbe, onde
ocorreria a audiência pública,
para saber mais do projeto.
Cybele da Silva, que representa as ONGs do litoral sul no
Consema (conselho estadual
do meio ambiente), também
estava na audiência e diz que os
benefícios podem ser menores
do que os prejuízos trazidos por
um porto. Ela teme, principalmente, a degradação da área da
Juréia com a implantação do
empreendimento.
"A Juréia é um dos poucos lugares que ainda não foram atingidos pela devastação. Possui
uma diversidade enorme de
flora e fauna. Se ocorrer um vazamento de óleo de um navio,
por exemplo, isso irá impactar
diretamente as praias e o ecossistema marinho", diz.
Comerciantes e a própria
prefeitura, no entanto, são favoráveis à construção do empreendimento -em razão da
geração de renda e da possibilidade de aumentar a arrecadação de impostos do município.
A prefeita Julieta Omuro
(PMDB) foi ao Rio de Janeiro
discutir o projeto com Eike Batista. "Percebemos o entusiasmo dele e da equipe sobre a
construção do porto", diz. Segundo ela, a prefeitura é a favor
do desenvolvimento regional,
mas isso não significa estar
contra os índios ou a natureza.
"Somos um município preservacionista."
Julieta afirma que foi discutida a questão do planejamento
-para evitar, por exemplo, a favelização, com a vinda de trabalhadores para erguer o porto.
"Estamos escutando vários setores, entidades, especialistas.
Existem no mundo exemplos
de portos que convivem muito
bem com áreas de preservação,
turísticas, sem provocar impactos negativos."
Ainda não há uma estimativa
de quanto a administração municipal arrecadará em impostos
com a concretização do porto.
Quanto à geração de empregos, a conselheira do Consema
ressalta que a população se ilude com a oferta de vagas, já que
muitas são para mão-de-obra
especializada.
Segundo João Malavolta, dirigente da ONG Ecosurfi (Entidade Ecológica dos Surfistas), o
projeto "será uma ferida na mata atlântica, no último maciço
que liga a serra do Mar à praia".
Ele e outros integrantes da
ONG chamavam a atenção no
local onde ocorreria a audiência pública da última quarta,
com nariz de palhaço e apitos.
Para a Fundação SOS Mata
Atlântica, a região onde se prevê implantar o empreendimento está na área de grandes e importantes remanescentes de
mata, "sendo essencial para a
conservação de vegetação nativa e proteção de espécies ameaçadas de extinção".
Além disso, afirma a entidade, a obra afeta fortemente ambientes marinhos e costeiros,
pescadores artesanais, comunidades indígenas e patrimônios históricos.
Comércio favorável
A Associação Comercial e
Empresarial de Peruíbe está
otimista com o projeto. Cerca
de 320 empresários se reuniram com diretores da LLX na
semana retrasada.
A diretora financeira da associação, Meyla Ibrahim, afirma
que a intenção é preparar os comerciantes para participar do
desenvolvimento que o porto
trará. "É uma possibilidade de
manter os jovens na região, de
criar novas profissões. Pode haver aquecimento na construção
civil e no comércio em geral. Se
a implantação ocorrer de forma
planejada, todos nós temos a
ganhar", diz ela.
O dono da WGB Imóveis,
Guilherme José Lopes Camargo, afirma que alguns proprietários têm suspendido a autorização de venda de seus terrenos em Peruíbe, esperando sua
valorização. E alguns moradores da região já começaram a
comprar terrenos.
O arquiteto Rubens Félix,
por exemplo, adquiriu lotes numa área vizinha ao terreno onde pode ser criado o porto.
"Comprei uma área por
R$ 20 mil e agora já está o dobro."
(AFRA BALAZINA)
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