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Periferia sofre mais com falta de energia
Em 2007, Eletropaulo deixou moradores dos Jardins 1,12 hora sem serviço no ano todo, e os de Parelheiros, 38,73 horas
Circuitos de Campo Limpo, Capão Redondo, Itaquera-Iguatemi e Parelheiros ultrapassaram limite de falhas fixado pela Aneel
CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Os dois apagões que afetaram
bairros centrais no início deste
mês foram exceções na rotina
dos circuitos elétricos de São
Paulo, em que os bairros periféricos ficam muito mais às escuras. Em 2007, enquanto moradores dos Jardins acumularam
1,12 hora sem o serviço no ano
todo, os de Parelheiros, no extremo sul, ficaram 38,73 horas.
Em 2007, cada consumidor
da área de concessão da Eletropaulo ficou, em média, 8,9 horas no escuro no ano todo, o
chamado DEC (Duração Equivalente por Consumidor). Cada
bairro, porém, tem uma meta
imposta pela Aneel (Agência
Nacional de Energia Elétrica).
Dentre os 35 circuitos de São
Paulo, a Eletropaulo não cumpriu a meta em quatro: Campo
Limpo, Capão Redondo, Itaquera-Iguatemi e Parelheiros.
Jardins tinha meta de cinco horas sem energia. A Eletropaulo
cumpriu com folga e mediu 1,12
hora de falha no ano.
Em Parelheiros, no extremo
sul, a meta era bem mais folgada. O campeão de falta de energia na cidade teria que fechar
2007 com menos de 32 horas
de desabastecimento. Mas os
moradores ficaram, em média,
39 horas no escuro no ano.
Segundo a presidente da associação de bairro de Marsilac,
no distrito de Parelheiros, Maria Lucia Cirillo, 51, além das
quedas por conta de galhos de
árvores, é comum haver desligamentos no final de semana,
segundo a empresa, para manutenção. "A gente aqui vive de
água de poço. Se a bomba não
funciona, fica todo mundo sem
água", reclama.
Em Parelheiros, a auxiliar de
enfermagem Gildeci de Almeida Cardoso Santos, 44, é uma
das responsáveis por uma idosa
que sofreu parada cardíaca e
respira por aparelhos. "Umas
duas vezes por mês acaba a
energia de madrugada. A gente
tem dois cilindros de oxigênio
para estas emergências, mas
sempre fica olhando no relógio
para ver se vai ser suficiente."
O segundo entre os circuitos
com mais horas sem energia é o
bairro Jardim São Luís (zona
sul) -17 horas, dentro do limite
de 21 horas da Aneel. Na seqüência vem a região de Itaquera-Iguatemi com 13,63 horas
por ano- 13 horas era o limite.
Outro lado
A Eletropaulo afirma ter sido
notificada por não atingir as
metas em Parelheiros, Itaquera-Iguatemi, Capão Redondo e
Campo Limpo e que recorrerá.
A empresa diz que a periferia
fica mais sem energia por conta
de novas ligações necessárias, e
que, em 2007, houve 10% mais
descargas que em 2006.
O diretor-executivo da Eletropaulo, Arnaldo Silva Neto,
lembra que os índices estão em
queda desde a privatização da
empresa, em 1998, quando a
média era de 19,13 horas de falta de energia. O número chegou
a 7,87 horas em 2006 e aumentou para 8,9 horas em 2007.
"Esta diferença mínima nem é
considerada. É reflexo de mais
chuva, por exemplo", disse.
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