São Paulo, domingo, 30 de março de 2008

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Periferia sofre mais com falta de energia

Em 2007, Eletropaulo deixou moradores dos Jardins 1,12 hora sem serviço no ano todo, e os de Parelheiros, 38,73 horas

Circuitos de Campo Limpo, Capão Redondo, Itaquera-Iguatemi e Parelheiros ultrapassaram limite de falhas fixado pela Aneel

CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os dois apagões que afetaram bairros centrais no início deste mês foram exceções na rotina dos circuitos elétricos de São Paulo, em que os bairros periféricos ficam muito mais às escuras. Em 2007, enquanto moradores dos Jardins acumularam 1,12 hora sem o serviço no ano todo, os de Parelheiros, no extremo sul, ficaram 38,73 horas.
Em 2007, cada consumidor da área de concessão da Eletropaulo ficou, em média, 8,9 horas no escuro no ano todo, o chamado DEC (Duração Equivalente por Consumidor). Cada bairro, porém, tem uma meta imposta pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
Dentre os 35 circuitos de São Paulo, a Eletropaulo não cumpriu a meta em quatro: Campo Limpo, Capão Redondo, Itaquera-Iguatemi e Parelheiros. Jardins tinha meta de cinco horas sem energia. A Eletropaulo cumpriu com folga e mediu 1,12 hora de falha no ano.
Em Parelheiros, no extremo sul, a meta era bem mais folgada. O campeão de falta de energia na cidade teria que fechar 2007 com menos de 32 horas de desabastecimento. Mas os moradores ficaram, em média, 39 horas no escuro no ano.
Segundo a presidente da associação de bairro de Marsilac, no distrito de Parelheiros, Maria Lucia Cirillo, 51, além das quedas por conta de galhos de árvores, é comum haver desligamentos no final de semana, segundo a empresa, para manutenção. "A gente aqui vive de água de poço. Se a bomba não funciona, fica todo mundo sem água", reclama.
Em Parelheiros, a auxiliar de enfermagem Gildeci de Almeida Cardoso Santos, 44, é uma das responsáveis por uma idosa que sofreu parada cardíaca e respira por aparelhos. "Umas duas vezes por mês acaba a energia de madrugada. A gente tem dois cilindros de oxigênio para estas emergências, mas sempre fica olhando no relógio para ver se vai ser suficiente."
O segundo entre os circuitos com mais horas sem energia é o bairro Jardim São Luís (zona sul) -17 horas, dentro do limite de 21 horas da Aneel. Na seqüência vem a região de Itaquera-Iguatemi com 13,63 horas por ano- 13 horas era o limite.

Outro lado
A Eletropaulo afirma ter sido notificada por não atingir as metas em Parelheiros, Itaquera-Iguatemi, Capão Redondo e Campo Limpo e que recorrerá.
A empresa diz que a periferia fica mais sem energia por conta de novas ligações necessárias, e que, em 2007, houve 10% mais descargas que em 2006.
O diretor-executivo da Eletropaulo, Arnaldo Silva Neto, lembra que os índices estão em queda desde a privatização da empresa, em 1998, quando a média era de 19,13 horas de falta de energia. O número chegou a 7,87 horas em 2006 e aumentou para 8,9 horas em 2007. "Esta diferença mínima nem é considerada. É reflexo de mais chuva, por exemplo", disse.


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