São Paulo, terça-feira, 30 de março de 2010

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Rivalidade política no Maranhão travou avanços na Saúde

Pelo menos 111 leitos de UTI foram prometidos pelas administrações estadual e municipal desde 2008

ESTELITA HASS CARAZZAI
SILVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA

A crise da falta de leitos de UTI em Imperatriz (a 586 km de São Luís), agravada após a morte de 16 crianças que aguardavam internação com ordem judicial, expõe um vaivém de promessas que, por rivalidade política, nunca foram cumpridas. Desde 2008, pelo menos 111 leitos de UTI já foram prometidos pelas administrações estadual e municipal. Nenhum deles, porém, foi criado.
"Parece que um governo não quer inaugurar obra do outro", diz o promotor da Infância e Juventude de Imperatriz, João Marcelo Trovão. Como consequência, Imperatriz, que é a segunda maior cidade do Maranhão e atende a 42 municípios, tem apenas 44 leitos públicos de UTI -segundo o Ministério da Saúde, deveria ter 120.
Além das 16 crianças mortas neste ano, outras morreram na UTI após dias de espera -como a pequena Mayara Coelho Francelino, 8, que, mesmo em coma e com ordem judicial, só foi transferida para lá uma semana depois de internada. Ontem, seis crianças tinham ordem judicial para internação imediata e aguardavam a liberação de leitos no município.

Prédio alugado
Em março do ano passado, pouco antes de ser cassado, o ex-governador Jackson Lago (PDT) firmou um convênio de R$ 20 milhões para a construção de um novo hospital municipal em Imperatriz, com 12 vagas de UTI. O atual, com dez leitos, fica num imóvel alugado por R$ 100 mil mensais.
Ao assumir o governo, Roseana Sarney (PMDB) anulou o convênio na Justiça, que já tinha terreno e projeto executivo definidos, e anunciou a construção de um novo hospital estadual na cidade, com 30 leitos de UTI. A obra, porém, ainda não foi licitada.
Outro projeto parado é a ampliação da UTI neonatal do Hospital Regional Materno-Infantil, hoje com 14 leitos de unidade de terapia intensiva.
O secretário estadual da Saúde, Ricardo Murad, afirma que 31 leitos serão inaugurados em 120 dias. O espaço disponível, porém, abriga até dez, diz o diretor-geral do hospital, Clidenor Plácido, que desconhece a promessa da secretaria.
A Prefeitura de Imperatriz também já anunciou propostas que nunca foram levadas adiante. Em novembro, o então secretário da Saúde do município, Mamede Magalhães, disse ter enviado ao Ministério da Saúde um projeto para a construção de 20 novos leitos de UTI no hospital municipal.
A atual secretária, Conceição Madeira, que assumiu em janeiro, desconhecia o pedido até a última sexta-feira. Ontem, informou que ainda não teve retorno do ministério. O órgão diz não ter registro do pedido.
A última promessa da prefeitura é a construção de 18 novos leitos de UTI no hospital municipal -financiada com os R$ 5 milhões concedidos pelo governo estadual há quatro dias. Mas o município não sabe quando os leitos serão inaugurados e como irá mantê-los.



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