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Rivalidade política no Maranhão travou avanços na Saúde
Pelo menos 111 leitos de UTI foram prometidos pelas administrações estadual e municipal desde 2008
ESTELITA HASS CARAZZAI
SILVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
A crise da falta de leitos de
UTI em Imperatriz (a 586 km
de São Luís), agravada após a
morte de 16 crianças que aguardavam internação com ordem
judicial, expõe um vaivém de
promessas que, por rivalidade
política, nunca foram cumpridas. Desde 2008, pelo menos
111 leitos de UTI já foram prometidos pelas administrações
estadual e municipal. Nenhum
deles, porém, foi criado.
"Parece que um governo não
quer inaugurar obra do outro",
diz o promotor da Infância e
Juventude de Imperatriz, João
Marcelo Trovão. Como consequência, Imperatriz, que é a segunda maior cidade do Maranhão e atende a 42 municípios,
tem apenas 44 leitos públicos
de UTI -segundo o Ministério
da Saúde, deveria ter 120.
Além das 16 crianças mortas
neste ano, outras morreram na
UTI após dias de espera -como
a pequena Mayara Coelho
Francelino, 8, que, mesmo em
coma e com ordem judicial, só
foi transferida para lá uma semana depois de internada. Ontem, seis crianças tinham ordem judicial para internação
imediata e aguardavam a liberação de leitos no município.
Prédio alugado
Em março do ano passado,
pouco antes de ser cassado, o
ex-governador Jackson Lago
(PDT) firmou um convênio de
R$ 20 milhões para a construção de um novo hospital municipal em Imperatriz, com 12 vagas de UTI. O atual, com dez leitos, fica num imóvel alugado
por R$ 100 mil mensais.
Ao assumir o governo, Roseana Sarney (PMDB) anulou o
convênio na Justiça, que já tinha terreno e projeto executivo
definidos, e anunciou a construção de um novo hospital estadual na cidade, com 30 leitos
de UTI. A obra, porém, ainda
não foi licitada.
Outro projeto parado é a ampliação da UTI neonatal do
Hospital Regional Materno-Infantil, hoje com 14 leitos de unidade de terapia intensiva.
O secretário estadual da Saúde, Ricardo Murad, afirma que
31 leitos serão inaugurados em
120 dias. O espaço disponível,
porém, abriga até dez, diz o diretor-geral do hospital, Clidenor Plácido, que desconhece a
promessa da secretaria.
A Prefeitura de Imperatriz
também já anunciou propostas
que nunca foram levadas
adiante. Em novembro, o então
secretário da Saúde do município, Mamede Magalhães, disse
ter enviado ao Ministério da
Saúde um projeto para a construção de 20 novos leitos de
UTI no hospital municipal.
A atual secretária, Conceição
Madeira, que assumiu em janeiro, desconhecia o pedido até
a última sexta-feira. Ontem, informou que ainda não teve retorno do ministério. O órgão
diz não ter registro do pedido.
A última promessa da prefeitura é a construção de 18 novos
leitos de UTI no hospital municipal -financiada com os R$ 5
milhões concedidos pelo governo estadual há quatro dias. Mas
o município não sabe quando
os leitos serão inaugurados e
como irá mantê-los.
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