São Paulo, domingo, 30 de abril de 2006

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ADMINISTRAÇÃO

Assessores anunciam nos eventos o nome do pefelista, que completa um mês no cargo de prefeito de São Paulo

Comitiva apresenta Kassab aos paulistanos

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

Assessores de Gilberto Kassab (PFL) desenvolveram uma estratégia para evitar cenas constrangedoras ao novo prefeito de São Paulo. Em seus eventos públicos, antecipam-se no contato com a população e apresentam o comandante do município.
"Gente, esse é o novo prefeito da cidade, Gilberto Kassab", frisam os assessores do cerimonial. É uma cena surpreendente para quem acompanha a vida política da maior cidade do país, cuja população está acostumada a prefeitos mais conhecidos, como José Serra (PSDB), Marta Suplicy (PT) e Paulo Maluf (PP).
Pesquisa do Datafolha divulgada após uma semana de seu governo revelou que só 23% sabiam o nome do atual prefeito. Um mês depois de assumir a cadeira, Kassab ainda é desconhecido de grande parte dos paulistanos.
O pefelista tem se esforçado para reverter esse quadro de anonimato. Participa quase diariamente de eventos públicos, sejam eles inaugurações de unidades de saúde, visitas a obras e até mesmo de cerimônia de entrega de título de cidadão paulistano.
Ainda assim ele não escapa de situações curiosas. Na última sexta-feira, durante visita a um clube de Pirituba, na zona norte, Kassab começou a jogar bocha com moradores. Um deles, ao lado do prefeito, perguntou em voz alta quem era o "substituto de Serra".
O pefelista está sempre acompanhado de seus secretários mais influentes, como Andrea Matarazzo (Subprefeituras) e Francisco Vidal Luna (Planejamento). Eles atuam como "tutores" do prefeito, de forma a garantir que os principais programas implantados pelo ex-prefeito José Serra sejam mantidos pelo menos até as eleições deste ano -quando o tucano (que deixou o cargo no último dia 31 de março) deve disputar o governo do Estado.

Estratégia
Como está amarrado nos próximos meses aos projetos já implantados por Serra, Kassab quer imprimir uma marca de "bom síndico" da cidade. Uma de suas primeiras tentativas aconteceu no último dia 20, quando o pefelista adotou um "estilo José Serra" ao visitar uma obra de canalização no Campo Belo, na zona sul.
Kassab chamou os jornalistas que o rodeavam para ver um monte de entulho junto ao rio. E afirmou a seus assessores: "Olha aqui a irregularidade. Quero ver o auto de infração às cinco horas em minha mesa".
Apesar do tom mais agressivo que pretende incorporar a suas ações, Kassab ainda é evasivo quanto questionado sobre metas e promessas. Não se compromete com números ou cifras e passa a responsabilidade dessas informações aos secretários municipais.
Ele tem evitado o debate político, mas continua operando nos bastidores. Almoça com freqüência com a cúpula do PFL, indicou o novo secretário de Juventude do governo do Estado (Antônio de Alcântara Machado), que já assumiu o cargo, e mantém diálogo forte com os vereadores mais influentes da Câmara Municipal.
Como não enviará projetos polêmicos ao Legislativo nos próximos meses, Kassab não tem pressa em formar maioria na Câmara. Pelo menos até o envio do Orçamento deste ano, que deve ser votado em dezembro.
Mas isso acontecerá depois das eleições, marcadas para o mês de outubro. Já livre do compromisso com Serra, Kassab poderá, enfim, mostrar qual será seu estilo como prefeito de São Paulo.


Colaborou JOSÉ ERNESTO CREDENDIO, da Reportagem Local

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